sábado, 21 de novembro de 2009

Dois vestidos rosa

É comum entre as meninas pequenas gostar de ver o vestido de noiva das mães. Pelo menos, era. Algumas até gostavam de experimentar, de preferência com um sapato de salto que fazia sumir os pezinhos. E eram vestidos como de princesas: longos, com babados, alguns com plumas (era moda nos anos 60/70), outros em renda. Neste quesito, eu era frustrada. Não gostava do vestido da minha mãe porque não era nada romântico a meu ver, nem parecia com o de uma princesa. Era um minivestido. Rosa. Sem grinalda ou véu.
Minha mãe casou-se no auge da ditadura militar, no início de 1971. Já tinha mais de trinta. Não quis casar na igreja. Meu pai era amigo de um padre aventureiro e o chamou para celebrar a cerimônia. Em casa. Em troca, o levou em um avião pequeno para passear em Miami.

Hoje, com o escândalo do caso Geisy, lembrei do vestido de noiva de minha mãe, o símbolo de uma juventude que descobria o feminismo. A maioria das convidadas de mamãe estavam de minissaia e ninguém era vaiada ou xingada por isso. Todas lindas.

Lembrando do vestido rosa de minha mãe, consigo ter a dimensão do quanto ele foi romântico, enfim. Representou uma época em que as mulheres ousaram mostrar as pernas e as idéias. Ninguém poderia imaginar que, quase quarenta anos depois, dentro de um regime democrático, aconteceria um fato como o vergonhoso ocorrido na UNIBAN, onde o feminino foi tão covardemente agredido. Ninguém imaginaria ainda que a protagonista faria uso da publicidade do fato para ter seus quinze minutos de fama. Com suas pernas. Não com suas idéias.

Post inspirado aqui

Um comentário:

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Minha mãe fala a mesma coisa sobre os gêmeos de Baila Comigo.. Ela é apaixonada pelo Tony Ramos, desde aquela época hehe.. Não gosto de Viver aVida. E ponto final hehe... Vou comentar ainda sobre a Geisy... Bjs, Fabio www.fabiotv .zip.net