domingo, 25 de janeiro de 2009

"O curioso caso de Benjamin Button"


"Somos predestinados a perder as pessoas que amamos. De que outra maneira saberíamos como são importantes para nós?"

David Fincher, diretor de "O curioso caso de Benjamin Button" é um bom contador de histórias. Assim como Forrest Gump, personagem que parece um primo-irmão de Benjamin. E, assim como o filme "Forrest Gump"(1994), a saga de Benjamin Button vem entremeada de frases que o ilustram, tais como a que dá inicio este post.

Forrest (Tom Hanks) era um cara limítrofe. Um herói bom e puro, com uma mãe (Sally Field) que faria qualquer coisa por amor a ele. Com pouca malícia, este homem, um tanto quanto limitado e comum, atravessa eventos extraordinários sem se dar conta (conhece Elvis, vai para a guerra do Vietnã, ajuda John Lennon a escrever Imagine, etc). Atravessa quase todo o século XX praticamente sem envelhecer e amando a mesma mulher. Já Benjamin (Brad Pitt) é um homem que nasce com uma estranha característica: tem cerca de 80 anos ao nascer. A mãe morre no parto, e o pai o rejeita, deixando-o num asilo. Lá, ele encontra sua mãe de criação que, a despeito das dificuldades, parece fazer qualquer coisa por amor a ele. Benjamin é bom, um herói puro de sentimentos. Ao longo da vida, este homem, ingênuo e casto aos 80, vai aprendendo as malícias da vida enquanto rejuvenesce. O dom de rejuvenescer enquanto passam-se os anos faz dele um homem extraordinário, vivendo coisas comuns (o primeiro emprego, a primeira mulher, o primeiro porre, o amor). Também como Forrest, ele atravessa o século XX amando a mesma mulher.

Há que se ver os dois filmes sem grandes críticas. São fábulas. Benjamin, em especial, nos mostra que o que seria uma grande dádiva ( tornar-se cada vez mais jovem enquanto se ganha sabedoria) não nos proteje das perdas inerentes à vida. Emociona por falar, com delicadeza, de dois grandes amores (indissociáveis segundo a psicanálise): o da mãe e o de outra mulher. A mãe de Benjamin o amava de qualquer forma. Daisy (Cate Blanchet), seu grande amor, o amava, independente de qual fase da vida estavam, e das diferenças de idade. Amava-o. Simples assim. E, afinal, o que mais buscamos na vida, senão isso?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Caminho das Índias

Adoro a Juliana Paes, mas a Glória Perez, depois do Manoel Carlos, é a campeã em criar heroína chata. Chaaaaaata. Heroína chata e mocinho mongo. Bora relembrar??

1) Barriga de Aluguel
O único papel da Cláudia Abreu que eu não suportei. Clara era insuportável. Disputava com a Cássia Kiss (Ana) a maternidade de um bebê e o posto de mais chata da novela. E o mocinho era o Vitor Fasano. Nem preciso falar nada.
2) De corpo e alma
Cristiana de Oliveira foi Paloma. Envolvia-se com Tarcisão (juiz Diogo) . Alguém lembra? Deu saudades da Juma.
3) Explode coração
Depois da Dara, Tereza Seiblitz nunca mais fez um papel relevante na tevê. E eu gostava dela. Dara fazia par com Júlio Falcão (Edson Celulari) e com o cigano Ígor (Ricardo Machi).
4) O clone
Jade (Giovana Antonelli) foi a mocinha mais chata e mimada de todas as novelas. Eu queria mesmo que ela queimasse no mármore do inferno (e olha que eu também gosto da Giovana). E o Murilo Benício era o Lucassssss. Mongo total.
5) América
Sol começou a novela em um tom marrom. Deborah Secco como Sol deu nos nervos. Novamente o Murilo Benício era o mocinho chato. Tião. Que conversava com o Boi Bandido.

Glória, salve a classe de autoras de telenovela. Faça uma mocinha digna e menos histérica. Juliana Paes merece. Márcio Garcia merece. E a gente também.

A favorita - último capítulo

Pobre Shiva Lênin. O verdadeiro herói da novela.

- cuidou e aturou um pai lunático a novela inteira
- teve outro pai melancólico (e, desculpe, corno) a novela inteira
- a mãe era traficante de armas, bandidona e tinha rodado com metade do elenco masculino
- assumiu a paternidade de um filho que não era seu, de uma garota que tinha um pai violento que o ameçava

E, no último capítulo
- teve que ficar cuidando do restaurante enquanto Catarina viaja com Estela.
- não descobriu quem era seu verdadeiro pai.

Que Zé Bob, o quê. Shiva Lênin é o cara.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Maysa

Estão assistindo? Gostando?
Eu fui uma adolescente velha, que tinha letras de música da Maysa nas minhas apostilas do colégio. Não, eu não cresci nos anos 50, mas havia canções lindas de Dolores Duran (outra cantora de fossa) e da Maysa na trilha sonora de "Anos Dourados" (1986), das melhores minisséries já exibidas pela Rede Globo.
Sem desmerecer o Manoel Carlos, que assina a minissérie Maysa, Gilberto Braga, creio eu, faria melhor. Dizem por aí que "Maneco" escreve para mulheres e entende a alma delas, mas eu discordo. Chico Buarque faz isso lindamente, ele não. Suas Helenas e derivadas são demasiadamente histriônicas e mimadas, o que não me desperta nenhuma identificação. Ele está fazendo isso com Maysa; aos olhos de quem jamais ouviu falar dela, trata-se de uma mocinha geniosa e com talento, mas mimada e chata. E Larissa Maciel, a despeito de sua incrível semelhança física, parece-me muito afetada em algumas cenas, especialmente as de dublagem das músicas. Procure uma gravação, dentre muitas, no youtube, e você verá que Maysa não era assim, tão caras e bocas.
No entanto, estou seguindo a minissérie. O que é aquela reconstituição de época? E a fotografia? E as músicas? Tudo muito bonito.
A família Matarazzo, ao que parece, está aprovando a boa imagem passada de André Matarazzo, o primeiro marido de Maysa. Mas, o que dizer de Ronaldo Bôscoli? O ator (Mateus Solano), utilizando uma gíria da época, é um piteuzinho e está muito bem, natural no papel. No entanto, a imagem que se tem do Bôscoli é de que foi um carreirista bem cafajeste. E, por alguma razão que desconheço, trocaram o nome de sua noiva. Era Nara Leão a noiva traída por Bôscoli e não uma atriz chamada "Beta".
Encerro este post com a própria Maysa cantando "Ne me quitte pas", em uma interpretação comovente. De chorar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tudo sobre meu pai

Há 25 anos, meu pai se foi. Como com quase todas as pessoas que vivem de forma intensa e inconsequente, o fim foi trágico e prematuro.
Na cidade onde nasci, meu pai foi praticamente uma celebridade. Não era um artista, nem atleta.Foi piloto de avião em um lugar em que esta profissão era pouco provável para os rapazes da época. Ajudou a fazer crescer o pequeno aeroporto local. Organizava verdadeiras festas aos domingos com shows de acrobacias e paraquedismo. Tinha amigos na Esquadrilha da Fumaça e no exterior. Era alegre, engraçado e festeiro.
Quando ele morreu, tal qual um Elvis tupiniquim e interiorano, as pessoas diziam que ele não tinha morrido. Até hoje dizem, aliás. "Seu pai está na Colômbia escondido, mas ainda ama sua mãe"; "seu pai fugiu com a Perlla cantora e está no Paraguai com ela" e por aí vai. Pessoas se emocionam quando falam dele, contam histórias, frases de efeito que ele teria dito, piadas que teria contado. Amigos se reúnem e ligam chorando para minha mãe no aniversário da morte dele. Há comunidades para ele no orkut, pinturas e pichações com o nome dele nos muros da minha cidade.
Já me questionaram: por que não escreve um livro sobre seu pai? Meu pai era paradoxal, um ser de excessos, um bom personagem. No entanto, como todo "ser de excessos", não tinha vocação para a paternidade. Não tenho vontade de escrever um livro sobre ele; outras pessoas o fariam melhor que eu.
Guardadas as devidas proporções, pensei nele quando li a entrevista de Jayme Monjardim, que agora dedica uma obra sua à mãe, Maysa. Maysa tinha 40 anos quando morreu; meu pai, 42. Achei Monjardim corajoso ao escancarar suas feridas de forma tão pública, ainda mais escalando seus filhos, que não são atores, para vivê-lo em diferentes fases de sua vida. Haja Freud.
Eu, que não sou Monjardim, nem tão pouco Lisa Marie Presley, contento-me em compartilhar este post com vocês. E a assistir à minissérie que começa hoje, contando a vida daquela louca de olhos claros que viveu pouco, mas o suficiente para ser nossa Edith Piaf.