tag:blogger.com,1999:blog-80106180936113232052024-03-12T20:28:53.061-11:00Letras de Let´s ...Escritos sobre televisão, cinema e a vidaLetíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.comBlogger206125tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-61486496448503420462016-01-22T05:42:00.000-11:002016-01-22T05:42:09.798-11:00(M) Águas<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.08px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.08px;"><i><br /></i></span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.08px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.08px;"><i>De tanto ela a mar ele rio.</i></span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.08px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.08px;"><i><br /></i></span></div>
<div style="background-color: white; color: #666666; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 16.08px; margin-bottom: 1em; margin-top: 1em;">
<span style="line-height: 16.08px;"><i>(Ana Suy Sesarino Kuss)</i></span></div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-73840503190018590092015-11-06T06:54:00.002-11:002015-12-11T07:05:37.010-11:00Psi, a série<br />
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Contardo Calligaris, psiquiatra e psicanalista de origem italiana tornou-se, há vários anos, uma pessoa bastante conhecida para além das paredes do seu consultório. Além dos bons livros técnicos que escreveu, é colunista da Folha, escreveu romances e se casou com uma atriz famosa (Mônica Torres). Ao buscar seu nome no google, encontramos, entre as buscas correlatas, o nome de Mônica, de seu ex, Marcello Antony e de Emílio de Melo, o ator que interpreta seu alter ego Carlo Antonini, em Psi, a série que entra em sua segunda temporada pelo canal HBO. Calligaris é criador e roteirista da obra televisiva. Na verdade, é curioso e revelador que não apareçam nomes de outros psicanalistas entre as buscas semelhantes à pesquisa pelo nome da Calligaris. Entre os colegas psi, dizem as más línguas que Calligaris é, hoje, melhor escritor e artista do que propriamente psicanalista. Alguns ex-pacientes teriam dito por aí, aliás, que Calligaris teria dificuldades na escuta das mazelas de seus clientes. Se é verdade, fofoca, tesão mal resolvido ou pura intriga da oposição, eu não sei. No entanto, lembrei disso ao assistir as aventuras de Carlo, em Psi.</div>
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<br /></div>
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A fotografia da série é linda. A São Paulo de Carlo é glamourosa e tem um quê novaiorquino. As tomadas são amplas, tem muitas externas, diferente de "Sessão de Terapia" que era, propositalmente claustrofóbica. Carlo é um sujeito do mundo; é comum o personagem fazer referências às suas viagens ao redor do globo, tal como Calligaris em seus escritos.Comuns também são as citações de personagens da literatura e de informações de cultura geral. É um personagem sofisticado, mora em um apartamento com vista espetacular e tem um consultório de segurar o queixo(aliás, quando eu crescer, gostaria de ter um igual). Carlo, volta e meia, toma um bom vinho, viaja, circula nas altas rodas, assiste a desfiles de moda. Em alguns momentos, atende um cliente. Aliás, não é raro ele demonstrar um certo enfado com seus pacientes, apesar da curiosidade intelectual que cada caso (que ele acompanha ou não) lhe desperta. </div>
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<br /></div>
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A discussão a respeito dos casos que Carlo encontra pela vida é bastante didática. Guardadas as liberdades poéticas, há um rigor teórico e técnico maior na explanação dos casos clínicos do que em "Sessão de Terapia", por exemplo. Percebe-se um cuidado maior com as palavras. Carlo é um psicanalista lacaniano, como Calligaris, e é fiel nas citações. O episódio em que ele atende um paciente extremamente sedutor cuja estrutura de personalidade é interrogada, há uma aula sobre como diferenciar um "não neurótico" de um "perverso", o que é bastante interessante para o público em geral e para os profissionais psis também. A personagem de Valentina, a colega psicanalista de Carlo, interpretada por Claudia Ohana faz uma boa dobradinha com o protagonista.</div>
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<br /></div>
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Em resumo: gostei da série. Alguns episódios são infinitivamente melhores que outros, mas os que assisti são muito bons. A comparação com "Sessão de Terapia" é inevitável, mas são propostas muito diferentes. Talvez Theo se angustiasse demais e Carlo, de menos, mas isso não compromete uma obra de ficção. Eles não são analistas de verdade, são personagens, afinal. O glamour e o "quê" aventureiro de Carlo fica bem longe do cotidiano sofrido de muitos psicanalistas, embora alguns sejam mais conhecidos, de fato, por estarem sempre presentes em colunas sociais. Se Carlo de fato se parece com Calligaris e em quê, só o próprio poderia responder. Em uma determinada entrevista bastante divulgada em redes sociais, Calligaris disse: "Não quero ser feliz, quero é ter uma vida interessante". Isso, Carlo, sem dúvida, tem.<br />
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<b>P.S: Neste ano, o curso de Psicologia da USP está entre os mais concorridos da FUVEST, perdendo apenas para Medicina, unidade de Ribeirão Preto. É um fenômeno interessante, que faz pensar se todas essas obras de ficção que abordam o universo psi tem algo a ver com isso. Seria uma busca por uma profissão que, enfim, enfrenta menos preconceitos, ou uma busca inconsciente por ajuda? Mais gente sofrendo ou mais gente disposta a escutar? Ou os dois? Taí um bom assunto para refletir.</b><br />
<b><br />
P.S 2: Calligaris fala de Carlo e responde sobre o que eles têm em comum aqui:</b><br />
http://revistatrip.uol.com.br/trip-tv/contardo-calligaris-comenta-sobre-ter-um-alter-ego-na-serie-psi.html</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-11307282361474661602015-10-02T10:24:00.001-11:002015-12-11T07:41:09.547-11:00Uma lembrança para chamar de minhaDescobriu Freud que o inconsciente se abre por mancadas. É no tropeço que o formoso inconsciente dá o ar de suas graças, faz-se presente. Mesmo quem não é da área psi, já se viu enrubescendo por um ato falho, um lapso, um sonho esquisito (lembrado ou esquecido), um sintoma que faz doer o corpo, sem ser "doença". É justamente através destas formações do inconsciente que nos damos conta que há algo em nós que é desvairado e que obedece uma lógica (des?) conhecida. E que quando a gente menos espera, dá um jeito de se manifestar. No telefonema de madrugada, na imagem do sonho, na piada que escapa, nas relações amorosas, nos esquecimentos.<br />
<br />
Hoje, em tempos de whatsapp, facebook e afins, há algo que manca por nós (além de nós). Há um corretor ortográfico que troca pai por pau e hoje por beijo sem a menor cerimônia. Elimina ao invés de iluminar. Agora, amora, alora. Não bastassem nossos próprios lapsos, ainda nos sugerem outros. Qual, afinal, foi nosso? Quando, afinal, foi "culpa" do corretor?<br />
<br />
Já o facebook com seus benditos (malditos?) algoritmos ressuscita mortos e feridos, sugere amizades improváveis, entrega o que você fez no Carnaval passado, em compras e contatos. Também já há alguns meses, o mesmo facebook te diz o que lembrar. Sugere fotos que você "talvez" gostaria de rever. Traz postagens de 5, 4, 3 anos atrás. E aí você se dá conta que seu cotidiano é realmente banal, que você continua citando o Calligaris todas as quintas feiras e que, mesmo abominando música sertaneja, já citou "Evidências" por cinco vezes. Que teve gente, sim, que veio para ficar e que tem gente que foi para nunca mais. Dá-se conta das repetições, conscientes ou não, sem precisar deitar no divã. Dá-se conta que mesmo mudando o objeto de amor, lamenta-se de uma maneira muito parecida.<br />
<br />
No entanto, interessante é perceber que se há algo que não se reconhece mais (eu escrevi mesmo isso? quem é essa pessoa, cruzes!), há algo que volta de outra maneira e faz abrir um sorriso. Quem diria que aquele avatar ou mesmo aquela foto que causava tanta paixão e depois tanta dor, já pode despertar ternura?<br />
<br />
Vivemos tempos em que é mais difícil esquecer, embora seja pedido, constantemente, que se esqueça. No entanto, ainda acho melhor dispensar ajuda. Não, redes sociais, não queiram direcionar minhas lembranças. Corretores ortográficos e recordações do facebook: saiam deste corpo que não lhes pertence. Que eu possa tropeçar com meus lapsos e chorar e rir com minhas memórias (ou ausência delas) sozinha. Já é bastante custoso assim.Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-67653403200520782282015-09-17T08:08:00.002-11:002015-09-23T15:33:59.156-11:00Qual é a regra do jogo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEireMTErZE6XH-c6yRZLawGaDCXscwmD9sM1EgQc9gKIs-SJGB7gNOoRoY2pkMrpFc44Nscf1_vox3MuYsP7fyuWWwD5Aq77Vshd1pVLZYayKqc2AEiEX_9v6Z10Hn9bn8uNEp82dTj_8gw/s1600/romero-romulo-alexandre-nero-vai-950x0-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEireMTErZE6XH-c6yRZLawGaDCXscwmD9sM1EgQc9gKIs-SJGB7gNOoRoY2pkMrpFc44Nscf1_vox3MuYsP7fyuWWwD5Aq77Vshd1pVLZYayKqc2AEiEX_9v6Z10Hn9bn8uNEp82dTj_8gw/s320/romero-romulo-alexandre-nero-vai-950x0-1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
"Brasileiro quer inventar moda de fazer novela como se faz os seriados americanos. Não adianta. Não rola". Escutei isso de um amigo, ao conversarmos sobre a nova das nove, "A regra do jogo", novela que ainda não emplacou (pelo menos em audiência e no twitter). "Novela brasileira tem que ter mocinho-mocinho, vilã-vilão, senão o povo se confunde, não tem para quem torcer", concluiu ele. Na ocasião, fiquei em dúvida se concordava ou não com a tese.<br />
<br />
João Emanuel Carneiro, o autor de "A Regra do Jogo", ficou mais conhecido depois do fenômeno de três anos atrás "Avenida Brasil". Novela, aliás, que diziam ter sido inspirada especialmente em "Revenge", série americana que perdeu fôlego logo, embora tenha ficado no ar até Maio deste ano. "Revenge" é uma série mais operística, com ares de novelão mexicano, com uma construção de personagens bem distante da complexidade de outras séries como Breaking Bad, Mad Men ou Sopranos. O que aproximava a Nina de Débora Falabella da Emily de Amanda Clarke era o mote: Vingança. Mas foi só.<br />
<br />
"Avenida Brasil" trouxe duas protagonistas femininas fortes: Nina e Carminha. Embora, à priori, Nina fosse a mocinha e Carminha, a vilã, ambas tinham nuances de caráter. No entanto, Nina foi apresentada ao público como uma garotinha, na primeira fase da novela, abandonada à própria sorte pela madrasta má. E em um lixão. O público, embora tenha amado Carminha, sabia para quem torcer.<br />
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Em 2008, em "A Favorita", o telespectador ainda não sabia quem era a mocinha uns bons capítulos após a novela ter começado. Quem era a vilã? Flora ou Donatela? A revelação, que viria apenas na metade da trama, teve de vir antes, pois a novela perdia audiência. A vilã, para surpresa de muitos era a angelical e pobre Flora (Patrícia Pillar) e não a rica perua Donatela (Cláudia Raia). Flora, de fato, tinha sido presa por ser uma assassina perigosa e não por injustiça. O público, então, tornou-se cúmplice de Donatela, embora o elenco todo fosse enganado por Flora. A novela foi um sucesso. Flora era uma vilã ainda pior que Carminha, pois não gostava da filha, Lara. Carminha, ao menos, amava Jorginho, o filho adotivo (embora espezinhasse Ágata, a filha gordinha).<br />
<br />
Em "A Favorita", um ator chamou a atenção em um papel pequeno. Era Alexandre Nero, como o verdureiro Vanderlei. Com um olhar doce, ele era apaixonado por uma mulher casada que era agredida pelo marido, Catarina (Lília Cabral). Alguns anos e um Comendador depois, Nero faz agora o protagonista de "A Regra do Jogo": Romero Rômulo. Da série de personagens principais fortes e ambíguos de João Emanuel Carneiro, surge, agora um homem. As anteriores eram personagens femininas.<br />
<br />
Nero tem o "physique du role" para Romero Rômulo. Embora não haja resquícios do Comendador em Romero, está lá o tal charme cafajeste que, claro, deve ser do ator. Nero é um homem comum, tem cabelos grisalhos, olhos muito grandes e facilmente fica acima do peso, mas é irresistível. Faz bem tanto as cenas cômicas como as dramáticas (aquelas dele com Cássia Kis dá vontade de bater palma sozinha na sala). No entanto, a ambiguidade dele é tanta que fica difícil de torcer por ele, ainda é confuso. Está ainda longe de ser um Walter White ou qualquer desses inúmeros anti-heróis fascinantes das séries americanas. O texto é bom, o ator é bom, mas falta. Nesse sentido, o Comendador de Império foi um personagem para lá de bem construído, um anti-herói dos bons, que o público adotou e amou. Não gosto do texto de Aguinaldo Silva, mas tenho de dar a mão à palmatória.<br />
<br />
Enfim, tenho de discordar do meu amigo. O público noveleiro até compra os anti-heróis (houve tantos outros), mas tudo depende de como a história é contada para a galera embarcar junto com ele. Qual é a motivação do cara? Arrisco que o grande público não gosta de ser enganado e demasiadamente surpreendido. Quanto a mim, digo que o ritmo de trama policial da novela me cansa. Muito diálogo, muito estímulo, câmera escondida, o escambau. Tiro, porrada e bomba. Acho que estou trabalhando demais e queria um refresco à noite. Ou estou ficando velha mesmo. Uma "tia do sofá".<br />
<br />
<br />
OBS1 : João Emanuel Carneiro já escreveu um personagem masculino forte, uma espécie de Macunaíma em "Cobras e Lagartos": o Foguinho, de Lázaro Ramos. No entanto, Foguinho foi um personagem cômico, em uma novela das sete, antes de JEC migrar para o horário nobre.<br />
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OBS2: Um anti-herói de novela das oito que gostei muito foi o Renato Villar, de Tarcísio Meira em "Roda de Fogo" (1986). O empresário frio e calculista vai se transformando ao longo da trama por conta de problemas de saúde, um aneurisma cerebral. Lauro César Muniz é um autor conhecido por construir excelentes personagens masculinos que vão se transformando ao longo da trama: Antônio Dias (de "Escalada"), o próprio Renato Villar e o inesquecível Sassá Mutema (de "O Salvador da Pátria"). Romero Rômulo, como Renato Villar, também tem uma doença crônica (a esclerose múltipla) que muito provavelmente terá papel fundamental nos rumos do personagem.<br />
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OBS3: Ah, em 2012, escrevi sobre Avenida Brasil <b><a href="http://http//www.letrasdelets.blogspot.com.br/#!http://letrasdelets.blogspot.com/2012/07/v-de-vinganca.html">aqui.</a></b>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-3289465798960564842015-09-03T03:18:00.002-11:002015-09-03T03:18:44.995-11:00Pedaço de Nada<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">“O que você quer ser quando crescer?” perguntavam ao pequeno, como os adultos que querem conversar com as crianças, mas não sabem como, perguntam a todas as crianças.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
“Astronauta”, “cabeleireiro”, “piloto de fórmula um”, “médico”, “não quero crescer”, os meninos comuns respondiam.<br />Mas ele, que só queria ser comum, dizia “nada”, sendo diferente.<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br />Cresceu, fez uma coisa e outra, mais uma coisa aqui e outra acolá, nada de mais, deu certo em algumas coisas e em tantas outras falhou, estava tudo bem. Ele era mais ou menos em tudo, não chamava muito a atenção em nada e aquilo era ótimo pra ele. Gostava de se sentir livre e só se sentia livre quando não despertava o olhar das outras pessoas.<br />Ficava com uma moça aqui, outra ali, nada de muito sério. Se de repente a moça começava a se interessar de um modo especial por ele, então ele rapidamente “sumia”, como elas diziam. Se afastava mesmo, o interesse dos outros por ele lhe era tão claustrofóbico quanto crise de síndrome de pânico em ônibus lotado em horário de pico. Por isso ele não tinha facebook, nem twitter, nem instagram, nem rede social alguma, lhe bastava o whatsapp para conversar reservadamente.<br />Num encontro casual, onde ele pretendia apenas mais uma relaçãozinha bem comum, um pedaço do nada dele pulou numa parte dela que ele não conseguia dizer qual era, ou ver qual era, ou sentir qual era. Ao ponto de duvidar da sanidade mental dele. Ao ponto de duvidar da existência dela. Ao ponto de cogitar, por três centésimos de segundos que ela fosse um extraterrestre querendo algo dele para levar ao planeta de origem dela. Ao ponto de, em seguida a esse pensamento, perceber que ele só podia achar que o nada dele era algo muito incrível ao ponto de lhe passar pela cabeça, ainda que fantasiosamente, que extraterrestres o quisessem. Ao ponto de entender, então, que não é que ele queria ser nada, mas é que ele se achava tão interessante, que tinha medo de que as pessoas pudessem roubar algo dele. Ao ponto de se apaixonar por aquela que tinha roubado um pedacinho do nada dele.<br />Mas porque confundiu amor com angústia (afinal, qual é mesmo a diferença?), se afastou dela ainda mais energicamente do que se afastava das outras.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><br /></span></div>
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px;">
<div style="margin-bottom: 6px;">
( Lindo texto de Ana Suy Sesarino Kuss, publicado originalmente<b><a href="http://confrariadostrouxas.com.br/2015/08/pedaco-de-nada.html#comments"> (aqui)</a></b></div>
</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-89505164180003254812015-06-16T13:23:00.001-11:002015-06-16T13:23:36.891-11:00TatuagemQuero ficar no seu corpo feito tatuagem<br />
Que é pra te dar coragem<br />
Pra seguir viagem<br />
Quando a noite vem...<br />
(...)<br />
Quero brincar no teu corpo<br />
Feito bailarina<br />
Que logo te alucina<br />
Salta e se ilumina<br />
Quando a noite vem...<br />
<br />
(Chico Buarque, decifrando meus desejos)Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-64147249816113989752015-04-14T09:39:00.001-11:002015-04-14T10:15:34.363-11:00Sobre o silêncio...<i><b>"Solo los tontos creen que el silencio es um vacío. No está vacío nunca. Y a veces la mejor manera de comunicarse es callando" </b></i><br />
<br />
Eduardo GaleanoLetíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-21347142038780550182015-03-20T07:18:00.002-11:002015-03-20T07:18:20.481-11:00Erotomania<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px;">
Eu só existo<br />no seu olhar.</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
Então, por favor,<br />pare de piscar.</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<b>Ana Suy Sesarino Kuss</b></div>
</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-62252315146404591622015-01-04T08:51:00.002-11:002015-01-04T14:37:32.232-11:00Faltam palavras para descrever...<div style="text-align: justify;">
"E nem falamos sobre o livro...", questionou Maitê Proença a um encantado Roberto D´Avila, ao fim de uma entrevista recente. "O livro é interessante, mas você é mais", respondeu ele, prontamente. Não li "Todos os vícios", a última obra de ficção de Maitê, mas acredito nas palavras do jornalista. Maitê é um daqueles personagens que não cabem em um filme de duas horas, ou em qualquer livro de 200, 300, 400 páginas. Assim como Tim Maia, personagem da principal polêmica televisiva deste ano que acabou de começar. O filme mediano sobre o cantor, lançado em 2014 nos cinemas, foi transformado em uma espécie de "docudrama" pela Globo e exibido agora, nos primeiros dias de 2015. Se Maitê não cabe em uma obra de ficção, muito menos o hiperbólico Tim Maia. Houve questionamentos por parte da família, dos fãs e do cineasta Mauro Lima, que teve toda a sua obra recortada pela Globo. Roberto Carlos, contratado da emissora, foi claramente protegido. "Vilão" e algoz de Tim na versão exibida nos cinemas, transformou-se naquele cara bacana que lançou o cantor, pela versão televisiva. Polêmicas à parte, Maitê e Tim Maia me fizeram pensar sobre a vida real e ficção. A bem da verdade, é meio óbvio que narrativas nunca darão conta da riqueza de uma vida. E sempre, sempre serão versões. Muitas vezes, bem pífias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Olhando para um passado próximo, 2014 foi um daqueles anos surpreendentes impossíveis de prever. Teve Copa do Mundo, mas teve também o inesquecível 7 x 1 . Perdemos o "palhaço" Robin Williams de forma melancólica. O pacato Eduardo Coutinho, que muitas vezes mostrou o quão extraordinária pode ser a vida de gente comum, morreu em circunstâncias cinematográficas. José Wilker e Eduardo Campos foram embora sem qualquer aviso prévio. E teve uma corrida presidencial brasileira, a mais emocionante (e irritante) dos últimos tempos. Como narrar um ano destes? Quem queria ser mãe e teve, enfim, o primeiro filho, pode contar de uma maneira. Quem perdeu alguém querido, de outra. E Dilma, Aécio, Marina e Felipão, de outras ainda. Felipão, especialmente, que viu um jogo que ninguém viu. As estórias e a História (também, por que não?) depende de quem conta.<br />
<br /></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPd_sPwAig4wo-YmczT6s0fKvP9TvS92OqYb9EBtdTbmQw4ViWvqYd5n6ocwTcx2t896xSDHtvY6oM8qpgSElsxtregtoW8l2d_EltKpB58ZLIPVtorGjVCsIAjNPMUciv9esVt4qzdKIh/s1600/Escrita-criativa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPd_sPwAig4wo-YmczT6s0fKvP9TvS92OqYb9EBtdTbmQw4ViWvqYd5n6ocwTcx2t896xSDHtvY6oM8qpgSElsxtregtoW8l2d_EltKpB58ZLIPVtorGjVCsIAjNPMUciv9esVt4qzdKIh/s1600/Escrita-criativa.jpg" height="256" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o Tempo, ah, esse danado... Ele dá outra cor para as estórias todas. Pode tornar uma lembrança melhor, pior ou insignificante conforme ele passa. Transforma sapos em príncipes, e príncipes em sapos. Torna grandes tragédias comédias esquecíveis; perdoa incompreendidos, santifica os mortos. O tempo modifica as versões que temos sobre os fatos (históricos ou não) e também sobre nós mesmos. Afinal, nem era tão feia e rejeitada assim, não fui tão fracassado, não estava tão gordo, gostava mesmo dela, tinha talento... Era feliz e não sabia!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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E foi assim que Tim Maia e Maitê Proença me inspiraram a desejar um feliz ano novo. Que 2015 traga novas (e deliciosas) versões sobre a vida. Que possamos perdoar mais (nós e os outros) e que possamos construir nossas pequenas ficções cotidianas da melhor forma possível. </div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-76306031238628952432014-10-09T07:36:00.003-11:002014-10-09T07:39:38.375-11:00Qualquer semelhança...<div style="text-align: justify;">
Em 1988, Gilberto Braga criou uma personagem icônica que, entre os noveleiros, até hoje dá o que falar. Interpretada por Beatriz Segall, a vilã Odete Roitman marcou uma época.Era o final dos anos 80 e vivíamos tempos de abertura política após um longo período ditatorial. Os índices de desemprego preocupavam e a inflação, plano econômico após plano econômico, era galopante. A desigualdade social, que até hoje marca a população brasileira, era abissal. Odete Roitman era a encarnação do rico arrogante, que desprezava os hábitos brasileiros e tinha horror a pobres e nordestinos ("não quero ouvir sotaque de outros estados perto de mim" - disse ela em uma de suas primeiras falas, que tornou-se clássica). Lembrei da lendária Odete ao ler, repetidas vezes, comentários preconceituosos e elitistas no facebook, por ocasião das eleições. Engraçadas ao serem proferidas por uma personagem carismática de novela, frases muito parecidas, quase trinta anos depois, ditas por amigos seus, chegam a assustar. Beatriz Segall chegou a declarar, na época de Vale Tudo, que não queria uma personagem caricata, ela queria que Odete Roitman fosse uma personagem crível, que você pudesse encontrar entre pessoas do seu convívio. Tanto tempo depois, vejo o quanto ela tinha razão. Não há nada de ficção na dona Odete que ela interpretou, com perfeição.</div>
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<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="https://www.youtube.com/embed/vxD8kyHdHOo" width="459"></iframe>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-33708364141888801842014-09-15T13:02:00.001-11:002014-10-29T08:40:42.680-11:00Como uma sessão de terapia...<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Será que eu virei uma acumuladora daquelas dos programas do Discovery Channel? O que é esse mundaréu de jornais velhos? E estes textos do segundo ano de faculdade, esses livros de Estatística, os questionários de entrevistas da dissertação de mestrado, a agenda-diário de 1988? Devo jogar tudo? Sim, TUDO. Menos os questionários. Ah, mas já se foram dez anos, o que vou fazer com esses questionários? A agenda não jogo. Tá lá registrado o primeiro amor. Bela coisa, para que vou precisar de uma agenda da Pakalolo? Vai para o lixo, sem dó, nem piedade. Perigoso até atrair baratas essa velharia toda. Lixo, lixo.</div>
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<br /></div>
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E esse livro do Jung? Quando é que eu fui junguiana? Mas o livro é bonito, por isso eu guardei. Jogo? Não, vou vender. Melhor, vou doar. Isso, vou doar. Junto com o livro do Victor Frankl que eu nunca li. Logoterapia? O que é isso mesmo? Não custa abrir e dar uma lidinha. Letra pequena, estou precisando usar óculos, não vou ler nada agora. Vai para a caixa de doações. Lair Ribeiro, sério que eu comprei isso? E o livro da Bridget Jones antes de virar filme? Ah, mas aquele dos "homens são de Marte" tenho certeza de que ganhei, não é possível. Vai para o lixo junto com aquele das "mil mulheres que você vai ser antes dos 35". E este com a famigerada dedicatória, guardo? Livro tão bom, para que tinha que lembrar desta letra agora? Ignore a dedicatória. É cafona e tem erros de português. Aliás, guarde pela dedicatória. Ninguém mais escreve isso. Peça de museu.</div>
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Três caixas cheias de cartas. CARTAS. E bilhetes dos tempos de faculdade. E do colégio. E da QUARTA SÉRIE. Amiga, sério, você tem problemas.Vai ter coragem de jogar tudo? Sim, jogue, desocupe espaço.</div>
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Uma Barbie de paetês, outra de casaco de pele e cabelo estragado. Uma Susi noiva. Um urso da Disney. Um rei Leão. Fotos, fotos, fotos. E esta fotita que eu tinha pavor? Até que era bonitinha. Pura sobrancelha e bochechas. O tempo relativiza tudo. Bonitinha. Nossa, uma foto de ex-namorado. Outra foto de ex. E outra! Jogo? Não.</div>
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<br /></div>
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Será que esse sofá vai ficar bom na casa nova? E essa poltrona da vó, combina com a sala? E esse tapete surrado, que eu amo, vai? Não sei, acho que sim. Difícil, muito difícil.</div>
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<br /></div>
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Mudanças de casa, vejam só, implicam em enfrentar dilemas. Grandes. Pequenos. Afinal, o que levo comigo? O que deixo ir? Mania boba de achar que aquele casaco velho ainda tem uso ou que ainda tem perfume naquele frasco. Não tem, venceu. Acabou. Aquela blusa antiguinha bordada com muito orgulho até que ficou bonita, mas tem coisa que não recicla, não adianta enfeitar. E ainda ocupam espaço demais. O bom MESMO é que existem outras coisas que harmonizam perfeitamente com o novo ambiente. E essas podem ficar. Aliás, devem.</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-87906338700488329572014-09-05T06:38:00.001-11:002014-09-05T06:38:35.270-11:00Ainda bem, ainda bem...<span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">(...) O meu coração</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Já estava aposentado</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Sem nenhuma ilusão</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Tinha sido maltratado</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Tudo se transformou</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><b><i><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Agora VOCÊ chegou</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">VOCÊ que me faz feliz</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">VOCÊ que me faz cantar</span><br style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;" /><span style="color: #555555; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 24px;">Assim (...)</span></i></b><br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="//www.youtube.com/embed/Pmt01TGsGGA" width="480"></iframe>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-36691783115164319522014-09-01T14:50:00.002-11:002014-09-03T06:21:17.013-11:00Eternamente responsável... Ou não.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao longo da minha vida, ganhei de presente duas edições diferentes de "O pequeno príncipe", de Antoine de Saint Exupèry. Nunca li o livro inteiro. Sempre houve um certo preconceito, confesso. Do alto da minha arrogância pseudo-intelectual, achava um livro menor, "literatura de miss", fofo demais. Aliás, tudo que é fofo em demasia me afasta em primeira instância: a cor rosa, ursinhos, o livro da Pollyanna (alguém lembra?), comédias românticas, Amélie Poulain. Depois, posso até gostar, mas a primeira reação nunca é boa. Ainda tenho horror às comédias românticas e aos livros da Pollyanna, mas tolero o rosa, e já chorei cântaros com a doce Amélie. Ursinhos eu dispenso. Já passei da idade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivASoJjMAT7_Awx2E9uHSXQ3m7sFgKlDFMmaQggktl3GS9-dsrMjwNRoL9RzKmGUsIZhxN1hAL6C_hwInAzqimmM_o3645czbIO1bG5c9NhyVlAtRfu55fuQgOPgyefInrfyHTksdTu47J/s1600/PP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivASoJjMAT7_Awx2E9uHSXQ3m7sFgKlDFMmaQggktl3GS9-dsrMjwNRoL9RzKmGUsIZhxN1hAL6C_hwInAzqimmM_o3645czbIO1bG5c9NhyVlAtRfu55fuQgOPgyefInrfyHTksdTu47J/s1600/PP.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Pequeno Príncipe dando a real</b><br />
<b><br /></b></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltando ao Pequeno Príncipe, o capítulo da raposa e da famigerada (e popular) frase "Tu te tornas ETERNAMENTE responsável por aquilo que cativas" sempre me causou calafrios. Achava a raposa uma carente perigosa, quase uma psicopata. Fazia lembrar Kathy Bates naquele filme horroroso "Obsessão Cega", além de outras personagens malucas de filmes similares. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixpsolbYSn6JPNUzMUV8xQVtnlJ49dSlY_3oOw04WiO_9BPhd3q5Vv-vTI3C-rckZ4uauqpCRXV82PQF_YV-LrYxAUwnxCLXyPPUgG8dBE1mHqU4SsEsPOKqw2Cnvk1MJIIpJGBeVifqxw/s1600/kathybates.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixpsolbYSn6JPNUzMUV8xQVtnlJ49dSlY_3oOw04WiO_9BPhd3q5Vv-vTI3C-rckZ4uauqpCRXV82PQF_YV-LrYxAUwnxCLXyPPUgG8dBE1mHqU4SsEsPOKqw2Cnvk1MJIIpJGBeVifqxw/s1600/kathybates.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b>Medo eterno de Kathy Bates</b></td></tr>
</tbody></table>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Exagero, claro. Mas ETERNAMENTE sempre pareceu tempo demais. Tantas vezes cativa-se sem perceber. Relacionamentos acabam, amizades se esgotam, amores terminam. Uma das partes, fatalmente, pode sofrer mais. Até que ponto a parte que saiu bem da estória toda é responsável por essa dor do outro? Pouco responsável? Muito responsável? Depende tanto, de tantas coisas, de tantos fatores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ressalvas à parte, há um trecho bonito (entre outros) na fala da Raposa para o principezinho. É o que transcrevo a seguir:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i>"E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo... "</i></b></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; font-size: x-small; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Hoje, se nos deixarmos cativar, é só substituir o "cabelo de ouro" do Pequeno Principe:</span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; font-size: x-small; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Eu não bebo vinho. O vinho para mim é inútil. Cabernet Sauvignon e Malbec não me lembram coisa alguma. (...) Mas tu bebes vinho como ninguém. (...) Vinhos chilenos e argentinos farão lembrar-me de ti. E eu amarei o cheiro do vinho..."</span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Eu odeio música sertaneja. Eu nem sei quem são Jorge e Matheus (...) Mas tu sabes todas as músicas deles decor (...) Ouvirei "Amo noite e dia" e lembrarei de ti. E eu amarei sertanejo universitário..."</span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Eu só assisto filme americano dublado. Sabe-se lá quem foi Truffaut e Fellini (...) Mas tu adoras cinema europeu (...). Assistirei "La dolce vita" e lembrarei de ti. E eu amarei filmes sem entender o final..."</span></i></b></span></div>
<div>
<span style="background-color: white; color: #444444; font-size: x-small; line-height: 20.799999237060547px; text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></i></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; line-height: 20.799999237060547px;">Mas diz ainda a raposa para o Pequeno Príncipe:</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; line-height: 20.799999237060547px;"><b><i><br /></i></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; line-height: 20.799999237060547px;"><b><i>"Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a fez tão importante(...)"</i></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;"><span style="background-color: white; line-height: 20.799999237060547px;"><b><i><br /></i></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Verdana, sans-serif;"><span style="background-color: white; line-height: 20.799999237060547px;">Eu diria, então, se pudesse interferir na conversa: "Se algo bom ficou, caro principe, nunca é tempo perdido. Ainda que tua rosa vá embora, nunca será tempo perdido. Há que se tomar cuidado com os sentimentos das pessoas, mas você não é eternamente responsável pela rosa, nem por ninguém". E, fazendo agora um parentêses pessoal: Willy e Cláudia, meus sensíveis amigos, "O pequeno príncipe" que era, para mim, um livro inútil, que não me lembrava nada, nunca mais será como tantos outros livros fofos. Pois me lembrarei de vocês. Sempre. :-)</span></span></div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-7242094974876252792014-07-25T03:00:00.001-11:002014-07-25T03:00:45.284-11:00O que a psicanálise ensina sobre o amor<i>Na falta de inspiração maior para o blog, reproduzo aqui um trecho de uma entrevista interessante do psicanalista Jacques Allain Miller. No trecho em questão, ele discorre sobre a característica feminina do amor:</i><br />
<i><br /></i>
<br />
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<strong style="margin: 0px; padding: 0px;"><span style="background-color: #f3f3f3;">P</span><span style="background-color: white;">sychologies:</span></strong><span style="background-color: white;"> “Ser completo sozinho”: só um homem pode acreditar nisso…</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Jacques-Alain Miller:</strong> Acertou! “Amar, dizia Lacan, é dar o que não se tem”. O que quer dizer: amar é reconhecer sua falta e doá-la ao outro, colocá-la no outro. Não é dar o que se possui, os bens, os presentes: é dar algo que não se possui, que vai além de si mesmo. Para isso, é preciso se assegurar de sua falta, de sua “castração”, como dizia Freud. E isso é essencialmente feminino. Só se ama verdadeiramente a partir de uma posição feminina. Amar feminiza. É por isso que o amor é sempre um pouco cômico em um homem. Porém, se ele se deixa intimidar pelo ridículo, é que, na realidade, não está seguro de sua virilidade.</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Psychologies:</strong> Amar seria mais difícil para os homens?</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Jacques-Alain Miller:</strong> Ah, sim! Mesmo um homem enamorado tem retornos de orgulho, assaltos de agressividade contra o objeto de seu amor, porque esse amor o coloca na posição de incompletude, de dependência. É por isso que pode desejar as mulheres que não ama, a fim de reencontrar a posição viril que coloca em suspensão quando ama. Esse princípio Freud denominou a “degradação da vida amorosa” no homem: a cisão do amor e do desejo sexual.</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Psychologies:</strong> E nas mulheres?</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Jacques-Alain Miller:</strong> É menos habitual. No caso mais freqüente há desdobramento do parceiro masculino. De um lado, está o amante que as faz gozar e que elas desejam, porém, há também o homem do amor, feminizado, funcionalmente castrado. Entretanto, não é a anatomia que comanda: existem as mulheres que adotam uma posição masculina. E cada vez mais. Um homem para o amor, em casa; e homens para o gozo, encontrados na Internet, na rua, no trem…</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"> <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Psychologies:</strong> Por que “cada vez mais”?</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Jacques-Alain Miller:</strong> Os estereótipos socioculturais da feminilidade e da virilidade estão em plena mutação. Os homens são convidados a acolher suas emoções, a amar, a se feminizar; as mulheres, elas, conhecem ao contrário um certo “empuxo-ao-homem”: em nome da igualdade jurídica são conduzidas a repetir “eu também”. Ao mesmo tempo, os homossexuais reivindicam os direitos e os símbolos dos héteros, como casamento e filiação. Donde uma grande instabilidade dos papéis, uma fluidez generalizada do teatro do amor, que contrasta com a fixidez de antigamente. O amor se torna “líquido”, constata o sociólogo Zygmunt Bauman. Cada um é levado a inventar seu próprio “estilo de vida” e a assumir seu modo de gozar e de amar. Os cenários tradicionais caem em lento desuso. A pressão social para neles se conformar não desapareceu, mas está em baixa.</span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;"><br /></span></div>
<div style="color: #636363; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; margin-bottom: 10px; padding: 0px; text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Entrevista com <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Jacques-Alain Miller,</strong> publicada na <strong style="margin: 0px; padding: 0px;">Psychologies Magazine </strong>de outubro 2008 (n° 278).</span></div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-62229301246683238432014-05-08T08:01:00.000-11:002014-05-09T02:58:22.575-11:00Maio<div style="text-align: justify;">
Há um céu muito azul em Maio. E um ar gelado. Outono, quase virando inverno. Um ano quase chegando ao meio. Mês das mães, mês das noivas, mês da maior parte dos taurinos e de um tantinho de geminianos. Mês em que nasci.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho50ZQOcIqzo89lhJIYurTrNnpvDAY3thZRGDnMKsF7Sp2o9Ydkn28Z9r064Ejo_Zc-YIwvVRMiwM7CO7N0-7z2VhOUAE9W1fLM-B3XFWT-gwEyDe3g-p-ErTZkyPBKv47WLqhlfmwKnHN/s1600/maio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho50ZQOcIqzo89lhJIYurTrNnpvDAY3thZRGDnMKsF7Sp2o9Ydkn28Z9r064Ejo_Zc-YIwvVRMiwM7CO7N0-7z2VhOUAE9W1fLM-B3XFWT-gwEyDe3g-p-ErTZkyPBKv47WLqhlfmwKnHN/s1600/maio.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
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Quando criança, Maio era um mês bom para fazer aniversário, pois o
Carnaval tinha passado e ainda as férias de Julho estavam longe. Não era
Outubro que tinha o dia das crianças, nem Dezembro que tinha o Natal. O
maior sofrimento era o medo de tomar ovada na saída e do famigerado
"com quem será" depois dos parabéns. Mas aí o tempo passa e as angústias são outras, bem diferentes.<br />
<br />
Uma vez, perguntaram ao ator Paulo Autran, numa dessas entrevistas bestas da vida, como era, afinal fazer 80 anos. "Eu não sei, ele disse". E acrescentou que, internamente, era o mesmo homem, apesar das dificuldades físicas consequentes da idade. E, de fato, é isso mesmo. Como é fazer trinta anos? Como é fazer quarenta? Trata-se de uma experiência subjetiva. Quando completei vinte e cinco anos, entrei em crise porque estava fazendo "um quarto de século". Uma bobagem sem tamanho abandonada aos trinta, que adorei completar, com muita festa. </div>
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Penso que em muitas coisas mudamos ao longo do tempo (ainda bem) mas tantas outras permanecem. O gosto musical pode melhorar, o paladar apurar, mas estão lá aquele senso de humor característico, uma certa doçura, o hábito de passar talco depois do banho, de tomar água ao acordar. O que dá, de fato, a noção de realidade do passar dos anos é o primeiro "senhora" (ou senhor) que ouvimos no supermercado, a pouca tolerância com festas de república (ainda mais se forem no vizinho), a ressaca que dura uma semana depois de uma noitada, a gíria datada, a memória que já conta décadas, os filhos dos amigos (ou os seus) que estão maiores que você e a lembrança de que sua dissertação de mestrado foi gravada em disquete. <br />
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Outra índice da passagem do tempo são as perdas. Perda do viço da pele, perda de cabelo, de amigos, de amores, dos pais. Lembro-me daquele personagem, o Benjamim Button que, aparentemente tem a benção de rejuvenescer ao invés de envelhecer com os anos. A aparente benção não o impede de perder as pessoas que ama. Disso, não nos livramos, a não ser que a morte nos apanhe cedo.<br />
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O bom da passagem do tempo é que, se perdemos juventude, também podemos perder encanações bestas. As perdas ao longo da vida ajudam a perceber o que é, de fato, importante. Algumas dores vão embora. Com outras tantas, aprendemos a lidar melhor. Que este mês de Maio possa trazer boas surpresas de aniversário. E que comemorar o novo ano seja, de fato, uma festa. <br />
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Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-76100659901611467142014-04-19T15:50:00.000-11:002014-04-19T15:50:31.767-11:00Sobre likes, bloqueios e afins<div style="text-align: justify;">
Fala-se tanto, sempre, sobre tantas coisas, muitas vezes sem dizer uma palavra. Na prática clínica, nós, psicólogos, observamos isso o tempo todo. O cliente fala quando, mesmo após ter ido embora há horas, deixa seu perfume doce e forte permanecer na sala. Também fala algo quando demora a pagar pela sessão ou então faz questão de pagar adiantado. Fala quando há um cuidado excessivo para não sujar o divã com os sapatos ou, ao contrário, quando faz questão de sujar os móveis com os pés sujos de barro. Também fala-se muito com o silêncio, pura e simplesmente. Ou silencia-se com palavras. E isso tudo, é claro, não é observável apenas entre as quatro paredes de um consultório.</div>
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Em "A psicopatologia da vida cotidiana", uma obra prima de 1901, Sigmund Freud escreveu sobre os chistes, os lapsos e os atos falhos no dia a dia. Esquecer nomes próprios, trocar destinatários de cartas, nomes de cidades, o que isto quer dizer? O que se fala quando se esquece algo? Será que este algo é esquecido porque tinha pouca importância ou, ao contrário, porque era importante demais? Distração, falta de memória? Ou algo além?</div>
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Em tempos de relações virtuais ou por aplicativos de celular, fala-se através do bloqueio, da ocultação de horários, da exclusão de amizades, dos likes ou ausência de likes. Likes e exclusões "acidentais", inclusive. "Nunca bloqueie alguém no facebook, Letícia, é a pior sensação que existe" - aconselhou-me uma amiga, recém-bloqueada. "Me senti um lixo" - continuou ela. Também já fui e não me senti assim, pensei. Quem odeia, bloqueia ou quem ama, bloqueia? Eis a questão. Tudo isso configuram mistérios (ou nem tanto assim) sobre aquilo que não é "verbalizado" no mundo virtual. E, é claro, sobre as relações que acontecem fora dele.</div>
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O fato é que, seja no início do século XX ou agora, em pleno século XXI, nem tudo é tão óbvio quanto parece ser. Muitas vezes um relacionamento (familiar, amoroso, de amizade) precisa ser exaustivamente falado, enfrentar intermináveis DRs para que algo, enfim, seja comunicado e resolvido. Em outras, a comunicação se dá por um clique, por um like, por um bloqueio, por um corte. Nenhuma palavra é necessária para sentir-se amado (a) ou para saber que não há nada mais ali. A psicanálise do tio Freud, veja só, ainda é atualíssima. Mesmo com facebook, whatsapp e derivados, ainda o que causa mais sofrimento na vida das pessoas são as falhas de comunicação e os desencontros acarretados por elas, como lá, no século passado. Qual seria, afinal, o remédio que daria conta disso?</div>
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<span style="font-size: x-small;"></span> </div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-47294933021973591852014-04-14T10:03:00.002-11:002014-04-14T10:03:52.834-11:00O choro, os lenços e a feira livre<div style="text-align: justify;">
"Moça, o que acontece aí dentro desta casa que todo mundo sai chorando?"- perguntou-me o funcionário da padaria, enquanto eu tomava meu santo café espresso. A casa em questão era o novo consultório onde trabalho. Como é comum em consultórios de psicanalistas, não constam placas na casa. Aos olhos de quem passa pela rua, é apenas uma casa como tantas outras. No entanto, para o rapaz que me indagava com curiosidade, não era. Aparentemente, as pessoas entravam bem e saíam chorando de lá.Que tipo de tortura, afinal, se passava naquele lugar?<br />
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Em um consultório de psicoterapia (ou psicanálise), uma caixa de lenços é ítem fundamental. As poltronas podem ser fuleiras, a sala pode não ser lá aquelas coisas, mas silêncio e uma caixa de lenços não podem faltar. Alguns clientes chegam a olhar desconfiados para a pobre caixinha: "As pessoas choram aqui?". Logo se acostumam. Um bom psicoterapeuta, aliás, tem de estar atento aos lenços que acabam. Que venham as lágrimas, mas que sejam acolhidas.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV63kdIA_Kat2r9AUdvnOUxlnFdE_LSR-gnkgYbPepztMO9c8pWbOiH-faqwYHlsXBML27K5pgroAvSVCFoaAL62rdUDQCDtpOJqAX_xKXBKCV50iRoxxXCesWT8sI-kmzTx24vyONVlxa/s1600/len%C3%A7os.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV63kdIA_Kat2r9AUdvnOUxlnFdE_LSR-gnkgYbPepztMO9c8pWbOiH-faqwYHlsXBML27K5pgroAvSVCFoaAL62rdUDQCDtpOJqAX_xKXBKCV50iRoxxXCesWT8sI-kmzTx24vyONVlxa/s1600/len%C3%A7os.jpg" /></a></div>
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Mas porque catzo as pessoas choram em análise? Ora, um processo psicanalítico não costuma ser algo fácil. Há pessoas que choram porque dói. Ou porque estão em um espaço protegido. Ou porque estão na presença do analista e este choro é endereçado a ele. Há inúmeros sentidos possíveis para as lágrimas que caem, enfim.<br />
<br />
Como psicólogos também passam por análise (em algum momento ou em vários momentos da vida), também eu precisei da santa caixinha de lenços dia desses. Se para o analista (psicoterapeuta), a caixa de lenços é um instrumento de trabalho, para o paciente (analisante), os óculos escuros são fundamentais. O choro pode vir quando você menos esperar. E se o seu analista for lacaniano e resolver interromper a sessão justamente na hora do choro, ferrou. E foi justamente isso que aconteceu. Tive de tentar me recompor em segundos antes de sair na rua, mas o nariz vermelho e os olhos inchados denunciavam o crime. Nenhum cisco faria aquele estrago todo, pensei. Dane-se, psicólogos também choram. E saí, corajosa, para a rua. O que eu não contava era que o que me esperava do lado de fora era uma barulhenta feira livre.<br />
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Enquanto eu atravessava a feira (era o único caminho possível), ouvia gracejos e carinhosos consolos dos feirantes, que me ofereciam, desde frutas frescas a imensos pastéis. O resultado foi que cheguei ao final da feira alimentada e com a alma leve, sentindo-me amada e linda. Conclusões do dia: 1) Consultórios de psicologia podem ser, de fato, um mistério para quem vê de fora; 2) Feiras livres podem ser um alento no "pós-sessão", inclusive tendo efeitos terapêuticos e 3) Existe, sim, amor em São Paulo, a cidade que tem me acolhido tão bem.</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-32577713469984358142014-04-08T14:47:00.001-11:002014-04-08T14:47:35.987-11:00Cortázar<div style="text-align: justify;">
" Lo que me gusta de tu cuerpo es el sexo</div>
<div style="text-align: justify;">
lo que me gusta de tu sexo es la boca</div>
<div style="text-align: justify;">
lo que me gusta de tu boca es la lingua</div>
<div style="text-align: justify;">
lo que me gusta de tu lingua es la palabra."</div>
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<strong><em>(Julio Cortázar)</em></strong>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-91822672009363348602014-04-06T04:46:00.000-11:002014-04-06T04:46:09.986-11:00O maior amor do mundo<div style="text-align: justify;">
No cinema, José Wilker será, com certeza, lembrado por seus papéis em "O homem da capa preta"(1985) e "Bye bye Brasil" (1980). No entanto, há um filme mais recente de Cacá Diegues, pouco citado, que é de uma tocante delicadeza. Em "O maior amor do mundo" (2006), ele é Antônio, um homem em busca de suas origens, lidando com o amor e a morte. É uma interpretação melancólica de Wilker, que merece ser vista. Sobre o tema do filme, Contardo Calligaris escreveu em sua coluna, em 2006. Um lindo artigo sobre o amor materno, que reproduzo, aqui, na íntegra.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>O Maior Amor do Mundo"</b></span><br />
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<table style="color: black; width: 250px;"><tbody>
<tr><td><hr noshade="" size="2" />
<b><i>Nossa capacidade de amar depende sempre do quanto e de como nós fomos amados</i></b><hr noshade="" size="2" />
</td></tr>
</tbody></table>
ASSISTI A "O Maior Amor do Mundo", o filme de Cacá Diegues que estreou na sexta-feira passada. Cacá Diegues é o grande cineasta naïf do cinema brasileiro. O que quer dizer naïf?<br />Pela definição do "Aurélio", naïf se diz da arte que é "desvinculada da tradição erudita convencional e de vanguarda, e que é espontânea e popularesca na forma sempre figurativa, valendo-se de cores vivas e simbologia ingênua". A definição é boa, mas precisa de dois acréscimos: 1-) a palavra "ingênuo" vem do latim e designa, antes de mais nada, quem nasceu livre, sem servidão nem escravidão; 2-) há mais um traço crucial da arte naïf: um amor à "vida como ela é", graças ao qual narrar é uma alegria, mesmo quando a história é dramática ou triste.<br />Esses acréscimos são interligados: a liberdade (formal, retórica etc.) é fruto do prazer de contar, que, por sua vez, é fruto da paixão de viver.<br />Aparte. Quem quiser verificar (ou contestar) essa definição da arte naïf pode ver o acervo do Museu Internacional de Arte Naïf (<a href="mailto:mian@museunaif.com.br">mian@museunaif.com.br</a>), no Rio de Janeiro, na r. Cosme Velho, 561, perto do trenzinho que leva ao Corcovado.<br />No último filme de Cacá Diegues, um astrofísico brasileiro americanizado acaba amando uma moça (talvez duas) da Baixada Fluminense. Ele vai e vem entre um hotel de luxo e um esgoto a céu aberto. Mas o filme não transmite uma mensagem sociológica sobre os encontros e desencontros entre classes. Tampouco é uma denúncia do estado tétrico de nossas periferias.<br />O filme é livre dessas "obrigações" porque é animado pela vontade de contar a vida, com aquelas misérias e grandezas que são, por assim dizer, interclassistas. Os fracassos e os sucessos do amor, a nostalgia, o peso da morte iminente, o anseio por um sentido são afetos que decidem as cores de nossa existência em qualquer cenário.<br />É difícil falar de "O Maior Amor do Mundo" sem estragar o prazer de quem ainda não assistiu ao filme. Posso propor alguns comentários, deixando a cada um a tarefa de relacioná-los com a história, quando ela se desvendar.<br />O filme me comoveu porque toca numa verdade que todos sabemos comprovar, a cada dia: nossa capacidade de amar (uma parceira ou um parceiro, os filhos que tivemos ou gostaríamos de ter, o próximo em geral) depende sempre do quanto e de como fomos amados.<br />Um filho pode ser, para um dos pais, o lembrete da derrota do Brasil no jogo fatídico contra o Uruguai, na Copa de 50, ou, pior, o símbolo da perda irreparável de um outro ser amado. Em certas condições, um filho pode também ser, para um dos pais, o resultado da infidelidade do outro. Não há carinho que adiante: para o filho, o lugar que ele ocupou na história dos pais é sempre um fardo decisivo.<br />Outro aparte. Hoje, a lei admite o aborto para salvar a vida da mãe: é para não condenar quem nasce a ser o representante da morte de sua própria mãe e, para o pai, o monstro que matou a mulher que ele amava. A lei também admite o aborto em caso de gravidez decorrente de estupro: é para não condenar quem nasce a ser, aos olhos da mãe, o representante da violência que ela sofreu. Que a gente concorde ou não, o que importa é que o legislador, nesses casos, não se preocupa com os pais, mas com o próprio destino do nascituro.<br />Voltando ao filme: Antônio, que não pôde ser amado na infância (por razões que o espectador descobrirá), não sabe amar ninguém. Na iminência da morte, ele sai à procura da única pessoa que talvez o tivesse amado (sua mãe biológica). É uma procura de alto risco, pois, salvo revelações (o filme tem algumas em reserva), a mãe biológica é, em princípio, quem abandonou seu filho.<br />A beleza da história contada por Cacá Diegues é que Antônio não procura o amor que não teve como uma consolação no fim de sua vida. Ele procura porque, quem sabe, ainda dê tempo para aprender a amar (uma mulher ou o filho que, até então, era impossível que ele tivesse). O maior amor do mundo é provavelmente o amor materno; não porque uma mãe amaria mais do que um pai, um companheiro ou uma companheira, mas porque o amor da mãe é o amor que melhor pode nos ensinar a amar.<br />O filme é uma parábola, livre e alegre, sobre essa verdade. Em prêmio, uma sugestão: talvez a vida encontre seu sentido como um aprendizado do amor -aprendizado que pode ser longo ou repentino, da última hora.<br />
<hr noshade="" size="1" />
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-79492520719953169672014-04-02T15:44:00.000-11:002014-04-02T15:44:22.815-11:00O Amor, Meu Amor<span class="conteudo"><span style="color: #464545;">Nosso amor é impuro<br />como impura é a luz e a água<br />e tudo quanto nasce<br />e vive além do tempo.<br /><br />Minhas pernas são água,<br />as tuas são luz<br />e dão a volta ao universo<br />quando se enlaçam<br />até se tornarem deserto e escuro.<br />E eu sofro de te abraçar<br />depois de te abraçar para não sofrer.<br /><br />E toco-te<br />para deixares de ter corpo<br />e o meu corpo nasce<br />quando se extingue no teu.<br /><br />E respiro em ti<br />para me sufocar<br />e espreito em tua claridade<br />para me cegar,<br />meu Sol vertido em Lua,<br />minha noite alvorecida.<br /><br />Tu me bebes<br />e eu me converto na tua sede.<br />Meus lábios mordem,<br />meus dentes beijam,<br />minha pele te veste<br />e ficas ainda mais despida.<br /><br />Pudesse eu ser tu<br />E em tua saudade ser a minha própria espera.<br /><br />Mas eu deito-me em teu leito<br />Quando apenas queria dormir em ti.<br /><br />E sonho-te<br />Quando ansiava ser um sonho teu.<br /><br />E levito, voo de semente,<br />para em mim mesmo te plantar<br />menos que flor: simples perfume,<br />lembrança de pétala sem chão onde tombar.<br /><br />Teus olhos inundando os meus<br />e a minha vida, já sem leito,<br />vai galgando margens<br />até tudo ser mar.<br />Esse mar que só há depois do mar.<br /><br /><i>Mia Couto, in "idades cidades divindades"</i></span></span><br />
<span style="color: #464545;"><br /></span>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-1600870302253381902014-03-20T07:49:00.001-11:002014-03-20T07:55:52.649-11:00PSI<div style="text-align: justify;">
De autoria de Contardo Calligaris, estréia, neste domingo, dia 23/03, PSI, a nova série da HBO. Acho interessante que o personagem principal seja um psicanalista, como o autor. A julgar pela divulgação, Carlo Antonini (Emílio de Melo) é bem mais bem humorado e irônico que Theo, o protagonista da já consagrada série "Sessão de Terapia". Espero que seja mais "bem resolvido", porque o Theo de ZéCarlos Machado era por demais atormentado. Confesso que Theo despertava em mim uma imensa vontade de "dar umas sacudidas". Estou torcendo por Carlo. E por uma mulher psicanalista como personagem da próxima série, o que daria um caldo bom também.</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="//www.youtube.com/embed/qg71PfFa3tA" width="480"></iframe><br />
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<br />Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-89434247252218662482014-03-11T08:12:00.000-11:002014-03-11T08:12:01.012-11:00Mulher tem que."Isso é coisa de vagabunda. Mulher que se dá o respeito não anda assim.
Não faz isso. Não bebe, não anda pela rua com homem. Mulher que se dá o
respeito não fala assim. É feio. É sujo. Mulher não pode ser suja,
mulher tem que ser delicada, tem que ser comportada. Mas sensual. Mas
não muito. Tem que saber fazer o jogo do esconde-revela. Tem que saber
seduzir, a mulher. As que são lindas é só ser mesmo, né? Não precisa
exagerar com salto e maquiagem, salto e muita maquiagem deixa a mulher
vulgar, homem nenhum vai querer mulher assim ao seu lado, só pra usar e
jogar fora. E as gordinhas, até elas têm vez, é claro que tem lugar pra
todos nesse mundo, tem quem goste das gordinhas, tem quem goste de tudo,
mas tem que se cuidar, gordona também não pode. Mulher tem que se
cuidar. Mulher tem que. Mulher tem que se vestir bem, tem que se cuidar.
Mulher tem que. Tem que. Tem que. Mulher não pode. Mulher tem que.
Depois reclamam, né. Saem assim, andam por aí e depois reclamam quando
acontece alguma coisa. O mundo não vai mudar porque vocês querem, o
mundo é assim, mulher tem que se cuidar, se resguardar. Depois que a
mulher pega fama, já sabe. Depois não reclama. Fazem o que fazem, vão
pra rua mostrar os peitos, querem topiléssi na praia e depois reclamam.
Não pode. Assim vocês não conseguem nada. Não pode, mulher não pode.
Ensinam as filhas assim, depois reclamam quando aparecem grávidas,
depois querem abortar, depois reclamam que os pais fogem. Fazem o que
fazem e ainda querem arrumar marido. Assim ninguém respeita. Mulher tem
que se cuidar. É só a mulher se cuidar que fica tudo bem. Mulher que se
cuida, que fica em casa, que não sai por aí, vai acontecer o que? Mulher
tem que se dar o respeito. Quer ser livre? Aguenta. Mulher que se
respeita sabe que liberdade não é tudo isso. Liberdade, isso aí é papo
de vagabunda, de feminista que quer estragar as mulheres. Estava tudo
muito bem com as mulheres em seu lugar, até que veio uma querendo
revolução e olha aí. Se tivessem homem pra proteger, não estavam
querendo liberdade nenhuma. Mulher que se dá o respeito não quer
liberdade. Liberdade é coisa de vagabunda."<br />
<br />
<b>(Clara Averbuck) </b>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-41433345228975928742014-02-26T16:05:00.003-11:002014-02-27T06:48:42.783-11:00Trapaça<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Lembram-se daqueles álbuns de família antigos, do casamento dos seus pais, do batizado da irmã mais velha ou mesmo dos seus aniversários? Pois é. Eu tinha uma tese de que era impossível qualquer homem ficar atraente em vestimentas dos anos 70, vide aquelas fotinhos medonhas. E não é porque seu tio era feio com aquele bigode de Charles Bronson. É porque nem Elvis Presley ficava bonito de costeletas enormes e casacos de veludo.Eu comprovei esta minha tese assistindo "Trapaça"(David O. Russel), um dos filmes preferidos a ganhar o Oscar no próximo domingo. A reconstituição de época é maravilhosa, mas os galãs Christian Bale e Bradley Cooper estão simplesmente medonhos. Sim, amigos, conseguiram esta proeza com Bradley Cooper. Em compensação, as "meninas" mandam no filme. Amy Adams e Jennifer Lawrence arrasam no figurino e na interpretação.E os personagens femininos são uma delícia (sim, cabe aqui um duplo sentido). O filme vale especialmente por elas, pela trilha sonora e pela viagem no tempo. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhozYIH00cPV8gU0iz7PjzVpTINplRCBgb1HvgYKKsYvNI4biE7Ls6pgok5IbVsho4rn5wlxuEb2ALdWVZK_w_kBKi-ru0yiknw_l4HxYUp79NGGiSvQq4SgDl_FScKfDj1f52yYwGvENsy/s1600/trapa%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhozYIH00cPV8gU0iz7PjzVpTINplRCBgb1HvgYKKsYvNI4biE7Ls6pgok5IbVsho4rn5wlxuEb2ALdWVZK_w_kBKi-ru0yiknw_l4HxYUp79NGGiSvQq4SgDl_FScKfDj1f52yYwGvENsy/s1600/trapa%C3%A7a.jpg" height="328" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b style="font-style: italic;">O grande elenco de "Trapaça". Meninas superpoderosas em seus peitos sem silicone</b><br />
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">Os quatro atores principais (Jennifer Lawrence, Bradley Cooper, Christian Bale e Amy Adams) concorrem à estatueta cobiçada. O forte do filme, de fato, é a composição dos personagens e a direção de atores. Não há vilões, nem mocinhos no longa. E ninguém é o que diz ser. O maior trunfo do enredo, mais do que falar de um grande trambiqueiro Irving (Bale) e sua comparsa Sidney (Amy Adams) é mostrar que quase todos os personagens são uma farsa. Nenhum, no entanto, é um grande perverso. Em algum momento, a farsa, em cada um, não se sustenta mais e algo passa a angustiar (seja um sentimento de culpa, um desejo avassalador ou uma rejeição). A pergunta é: até onde vai a imagem construída e até onde vai a verdade? Nesse sentido, há suspense até o fim. Um fim, confesso, que demora a chegar. "Trapaça" poderia ter meia hora a menos que não faria falta. Na minha modestíssima opinião, não é um filme para ganhar o Oscar. No entanto, Argo (2012) também não era e faturou no ano passado, também embalado por uma estética setentinha e uma excelente reconstituição de época.</span></div>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5f6Nf0jhG0QF4WyLU6tmTbiOBiLifzOJQDCRRln7_F2TQdreQL4oogI5gQugLJb3nZbQ_oUG9FyMazBxdI3XhxLZYWrp4HNFt4_ez93hFhxXhVAT-5WvCXM6h0Vf5fUublipwNRIZKTPD/s1600/amyadams.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5f6Nf0jhG0QF4WyLU6tmTbiOBiLifzOJQDCRRln7_F2TQdreQL4oogI5gQugLJb3nZbQ_oUG9FyMazBxdI3XhxLZYWrp4HNFt4_ez93hFhxXhVAT-5WvCXM6h0Vf5fUublipwNRIZKTPD/s1600/amyadams.jpg" height="265" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><i>Amy Adams e seus decotes...</i></b></td></tr>
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRzYrILN35e7umkNP6XqmznEc3pmqQVa9pj0Q57-IrWndYVnzuXWMuKAWkV5vxhC46oOHEEZMcDEnIMXc47ssp6cccZ6yIaDE4XRVJ8ZRnbFcGMgrot39MuJhOxKZ8kvwhIzn8-KJY7j7i/s1600/nadia+lippi.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRzYrILN35e7umkNP6XqmznEc3pmqQVa9pj0Q57-IrWndYVnzuXWMuKAWkV5vxhC46oOHEEZMcDEnIMXc47ssp6cccZ6yIaDE4XRVJ8ZRnbFcGMgrot39MuJhOxKZ8kvwhIzn8-KJY7j7i/s1600/nadia+lippi.jpg" height="320" width="168" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><b><i>me lembrou outra ruiva, Nadia Lippi, atriz que fez sucesso nos anos 70 e 80 no Brasi</i></b>l</td></tr>
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Recomendo "Trapaça" fortemente para os nostálgicos. É um bom filme. A cena em que Jennifer Lawrence dubla "Live and let die" enquanto faxina a cozinha vale por todas as quase três horas. Deu saudades daquela época em que todos os homens eram um misto de Emerson Fittipaldi e Agostinho Carrara. Eram horríveis, mas pelo menos não depilavam o peito. Dispenso as costeletas, mas que saudades eu tenho dos peitos cabeludos dos anos 70.</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-50828134635241747402014-02-23T16:03:00.001-11:002014-02-23T16:06:28.846-11:00A versão "cucaracha" de Avenida BrasilNesta semana, "Avenida Brasil" (2012) estreou no México. A versão dublada em espanhol deixa tudo ainda mais dramático. A novela já é sucesso na Argentina. Saudades imensas de Carmem Lúcia (quer nome de vilã mais mexicano que este?).<br />
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="//www.youtube.com/embed/Qk1XfYYUlJA" width="459"></iframe>Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8010618093611323205.post-20609826950188022842014-02-20T07:34:00.000-11:002014-02-21T05:18:58.708-11:00Arquivo (não) confidencial<div style="text-align: justify;">
"Se Mark resolvesse fazer um filminho das minhas mensagens in box, seria um filme pornográfico". Foi assim que um amigo meu, um pândego, comentou o filme de pouco mais de um minuto que o Facebook ofereceu aos seus usuários no mês passado, por ocasião do aniversário de dez anos da rede social. Através de seus misteriosos algoritmos, o facebook selecionou fotos publicadas desde que o usuário entrou na rede (entre elas, as mais "curtidas", claro) e as embalou com um pianinho de chorar. Um agradinho ao narcisismo de cada um, sem dúvida. Não resisti e acessei o aplicativo Look Back (que produzia o vídeo), mas tive de concordar com meu amigo: talvez as mensagens in box (censuráveis, vergonhosas, piegas) estivessem mais relacionadas à trajetória do indivíduo no facebook do que propriamente o que foi publicado. Cheguei a ver filmes repletos de vasos de flores e outros cujos choramingos estavam entre as citações mais curtidas.</div>
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Meu filminho foi família.Será que me pareço uma boa moça? Papai, mamãe, sobrinho, irmãos. Muitos amigos queridos não apareceram. Há pessoas, inclusive, importantíssimas, que sequer tenho fotos, quanto mais publicadas.A sensação não foi propriamente de estranhamento, mas há realmente uma distância abissal (que surpresa!) entre o que se publica, o que é mais curtido e o que é, de fato, vivenciado. Meus textos mais queridos são sempre pouco curtidos. No entanto, se posto a foto de um sobrinho ou de um gatinho fofo (que estou sempre prestes a adotar), aí as curtidas vão para a estratosfera. Crianças, novos casais e bichos fofos são sempre os campeões de audiência.</div>
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O resultado é que muita gente reclamou e, no final das contas, houve a possibilidade do usuário editar o próprio vídeo. Que bom se a vida fosse assim. Essa pessoa eu recorto, deleto, apago. Esta outra eu trago de volta. Aquela conversa eu esqueço que existiu. Bora editar e colocar uma trilha sonora melhor? O fato é que Mark e seus colaboradores são geniais, sem dúvida. Os filminhos encheram o saco, mas viralizaram no aniversário do FACE, o que era o objetivo. No entanto, se nem palavras escritas (e faladas!) são capazes de dar conta de nossas vivências emocionais mais importantes ao longo de anos, quanto mais um vídeo baseado em algoritmos. O que se conclui é que os sujeitos por trás dos rostos sorridentes dos perfis do facebook ainda são inacessíveis (até para Mark), por mais expostos que estejam. Ainda bem.</div>
Letíciahttp://www.blogger.com/profile/04523336030386876962noreply@blogger.com4