segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tudo sobre meu pai

Há 25 anos, meu pai se foi. Como com quase todas as pessoas que vivem de forma intensa e inconsequente, o fim foi trágico e prematuro.
Na cidade onde nasci, meu pai foi praticamente uma celebridade. Não era um artista, nem atleta.Foi piloto de avião em um lugar em que esta profissão era pouco provável para os rapazes da época. Ajudou a fazer crescer o pequeno aeroporto local. Organizava verdadeiras festas aos domingos com shows de acrobacias e paraquedismo. Tinha amigos na Esquadrilha da Fumaça e no exterior. Era alegre, engraçado e festeiro.
Quando ele morreu, tal qual um Elvis tupiniquim e interiorano, as pessoas diziam que ele não tinha morrido. Até hoje dizem, aliás. "Seu pai está na Colômbia escondido, mas ainda ama sua mãe"; "seu pai fugiu com a Perlla cantora e está no Paraguai com ela" e por aí vai. Pessoas se emocionam quando falam dele, contam histórias, frases de efeito que ele teria dito, piadas que teria contado. Amigos se reúnem e ligam chorando para minha mãe no aniversário da morte dele. Há comunidades para ele no orkut, pinturas e pichações com o nome dele nos muros da minha cidade.
Já me questionaram: por que não escreve um livro sobre seu pai? Meu pai era paradoxal, um ser de excessos, um bom personagem. No entanto, como todo "ser de excessos", não tinha vocação para a paternidade. Não tenho vontade de escrever um livro sobre ele; outras pessoas o fariam melhor que eu.
Guardadas as devidas proporções, pensei nele quando li a entrevista de Jayme Monjardim, que agora dedica uma obra sua à mãe, Maysa. Maysa tinha 40 anos quando morreu; meu pai, 42. Achei Monjardim corajoso ao escancarar suas feridas de forma tão pública, ainda mais escalando seus filhos, que não são atores, para vivê-lo em diferentes fases de sua vida. Haja Freud.
Eu, que não sou Monjardim, nem tão pouco Lisa Marie Presley, contento-me em compartilhar este post com vocês. E a assistir à minissérie que começa hoje, contando a vida daquela louca de olhos claros que viveu pouco, mas o suficiente para ser nossa Edith Piaf.

4 comentários:

Renatus Pub disse...

Ola Le!!!

como vai?

meus sentimentos!!!

Já escutei muita coisa sobre seu pai, ele foi um cara incrivel para a aviação!!!

Sobre a Minissérie, será que vai ficar bacana?

acho que promete!!!

bjos e forças sempre

Vivi disse...

Let´s, lindo e verdadeiro post. Compartilho da mesma opinião que você. Meu pai também era um bom personagem. Mas eu jamais falaria dele de forma tão escancarada quanto Monjardim, muito corajoso da parte dele. É muito bom ver uma pessoa irreverente e marcante quanto Maysa. Principalmente quando esta pessoa não é da sua família. Mesmo assim, a minissérie é linda. E assim como todas as minesséries globais, será sucesso.

Anônimo disse...

OLá, tudo bem? A história da minha família daria um belo livro... Quem sabe, um dia, faço uma ampla pesquisa histórica e transformo isso em uma obra.. Sonhar não custa nada hehe.. Bjs e Feliz 2009! Fabio www.fabiotv.zip.net

Letícia disse...

Pois é, gente. Às vezes a vida real dá um baile em muita novela.
Beijos!