segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meia noite em Paris

Tem algum lugar que você gostaria de morar e só visitou uma vez? E uma época que você acredita ser o melhor tempo do mundo para viver? Foi com essas questões que saí do cinema ao assistir "Meia noite em Paris", o último filme de Woody Allen. Como o meu saudosismo às vezes beira a chatice crônica, eu me identifiquei com o protagonista, vivido por Owen Wilson, ator especialista em viver bobalhões de bom coração.

Eu nasci em uma cidade muito pequena do interior paulista. No entanto, sou filha de um piloto de avião que, nascido na mesma cidade, voou e fez laços afetivos em inúmeros países do mundo. Hoje, trabalho em uma cidade um pouco maior, mas ainda nas proximidades de minha cidade natal. Embora sempre quisesse, jamais arrisquei ir muito longe. É comum haver um sentimento de inadequação, de ser estrangeira entre tudo o que me é mais familiar. Também é assim com o tempo. Aos onze anos, me foi pedido durante uma aula de redação que escolhesse uma figura, entre tantas, que melhor me representasse. Eu escolhi uma velhinha.

Sentía-me tão velha que chegava a chorar de saudade de coisas jamais vividas, de um tempo em que eu nem nascida era. E desenhava casas no meio da neve que seria a cidade em que era bom morar. "Ah, aquela época que era boa", falava a vovozinha de onze anos de idade.

O personagem do Owen Wilson, Gil Pender é um pouco assim. Pensa ele que se fosse morar em Paris, sairia de sua vida medíocre e teria grandes inspirações respirando o ar encantado da cidade luz. E seria ainda melhor se vivesse nos anos 20, os anos loucos, os anos em que viveram lá os gênios Fitzgerald, Picasso, Dalí, Hemingway...


Será que em Paris a vida de Gil seria tão melhor assim? E os anos 20 será que eram assim tão melhores do que os anos 2000? Talvez. De igual maneira eu penso: e se eu tivesse nascido em uma cidade maior? E se vivesse nos anos 50 em Hollywood? O objeto perdido ou distante costuma ter um valor inflacionado. Tendemos a desprezar o presente e idealizar o passado ou o futuro. E assim, o tempo passa.

Ora essa, e o que Gil Pender fez, afinal? Assista o filme para saber. Os amantes do cinema de  Woody Allen talvez considerem o filme um tanto quanto comercial e torçam o nariz, mas ainda assim vale a pena. E todo filme que faz pensar um pouquinho é um bom filme, na minha opinião. Rendeu até um post.

3 comentários:

Patrícia C. disse...

Lê, ás vezes me sinto assim hoje, mas no passado mais frequentemente. Me deu uma vontade de assistir ao filme...
ADOREI SEU BLOG PRIMA, É A 1A VEZ QUE ACESSO.

Letícia disse...

Seja bem vinda, prima querida! Volte mais vezes... Bjos!

Anônimo disse...

Não assisti ao filme, mas como já me escreveu certa vez sou "...um menino de "alma velha"..."
E continuo... Já devo estar com uns 500 anos de alma!