terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Anos Incríveis

Não sei por qual razão, estabeleceu-se que adolescente é um ser imbecil. Se não há essa crença, como explicar o fato de que muitas obras de ficção atuais o tratam como tal? De filmes americanos a Malhação, qual é a linguagem utilizada com adolescentes? Personagens pobres, enredos, idem. Peralá, falta de vivência não implica em imbecilidade, certo?
Foi nesse clima pessimista que assisti "As melhores coisas do mundo" de Laís Bodansky, apesar dos muitos elogios recebidos. Fiuk, éca, esbravejou meu lado preconceituoso. Sem esperar muito, fiquei extremamente feliz com o filme. Kevin Arnold ficaria orgulhoso.
Adolescentes são pessoas, não caricaturas. Estamos mais propensos, nesta época, a ter comportamentos não tão bacanas. É só lembrar da nossa própria adolescência e pensar em como pessoas legais faziam e diziam coisas cruéis, inclusive a gente. Ditadura do grupo é terrível, o colégio é o universo e o primeiro amor é o único. O primeiro pé na bunda a gente também nunca esquece e se "a fila não anda" queremos  morrer. Eu tinha uma fita K7 inteira com "Take my breath away" e "Every breath you take", o melô do apaixonado obsessivo, a trilha de uma morte iminente. Em tempos sem facebook e derivados, eu roubava fotos 3x4 de carteirinhas da escola.
O que quero dizer é que o filme de Laís Bodansky me fez pensar na minha adolescência. Apesar da globalização e da internet, o adolescente dos anos 2000 não estão muito distantes de adolescentes de outras épocas. Algumas feridas doem do mesmo jeito. Embora seja óbvio, a diretora mostra que  adolescentes podem ser personagens encantadores e complexos. Algo da adolescência permanece em nós já adultos, mas jamais teremos aqueles mesmos olhos novamente. Ou seja, "As melhores coisas do mundo" é um filme para assistir e guardar.

Um comentário:

Ju disse...

Esse é um dos motivos pelos quais gosto de ensinar: conviver com jovens é delicioso.
Vou ver o filme qdo der
Bjs