sábado, 3 de setembro de 2011

Muito depois do "Cachorrinho Samba"...

"Como chora essa menina! Que livro é este que você está lendo?"
Depois de toda a coleção do Monteiro Lobato, tudo que eu sabia de literatura eram os livrinhos do Cachorrinho Samba (na Floresta, na Fazenda, no escambau). Maria José Dupré era a autora dos livros que tinham como protagonista o famoso cachorrinho.


A autora, no entanto, era mais reconhecida por outra obra: "Éramos Seis", que contava a história de uma família de classe média baixa de São Paulo entre os anos 20 e 40. A forma como ela narra a passagem do tempo, o crescimento dos filhos e as perdas inerentes à vida da personagem principal, dona Lola, é dolorosamente realista e triste. Eu tinha dez anos quando o li, e até hoje tenho o livro com as páginas manchadas pela choradeira.

que capa de livro é esta, minha gente?
O livro foi adaptado por Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho nas duas versões mais famosas para a televisão. Foram elas em 1977, na Tupi,  com Nicete Bruno interpretando Lola e, em 1994, no SBT, com Irene Ravache.

Lembrei de "Éramos seis" ao concluir um romance bastante elogiado do último ano: "Um dia", do inglês David Nicholls. Mais do que a história de amizade e amor entre Emma e Dexter, o livro, assim como "Éramos seis", fala sobre a passagem do tempo, os projetos de vida renunciados, a diferença entre o que éramos e o que nos tornamos. O livro atravessa os vinte anos de um passado recente, dos anos 80 aos 2000.

Penso que assim como muitos identificaram-se com a mãe brasileira Lola, é fácil nos achar em Emma Morley, a inglesa protagonista de "Um dia". A personagem é palpável, real, humanamente neurótica. Tão humana que nos tornamos amiga dela ao longo da leitura de mais de 400 páginas, quase uma cúmplice. Igualmente neurótico é seu amigo  de tantos anos, o vaidoso e narcisista Dexter. O livro é capaz de te envolver de tal forma, que emociona. A relação entre os dois é viva, com poucas pitadas de romantismo (aliás, bem poucas), mas de um amor realista, possível, repleto de altos e baixos.

Outro mérito do livro é a viagem no tempo que ele promove. Das cartas manuscritas e fitas K7 às máquinas digitais e celulares, a história atravessa as décadas que tiveram, de fato, revoluções por minuto. As músicas e programas de cada época, assim como os acontecimentos políticos de nossa história recente são inseridas de forma natural, sem parecer um emaranhado de citações.

No entanto, há algo ainda no livro que me remete a "Éramos Seis". Não chore, se for capaz. Prepare o lencinho, senão para a leitura, para o filme que vem aí. Aguardemos ansiosamente por Anne Hathaway.

2 comentários:

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Éramos Seis é uma das melhores novelas que já assisti!!! lembro que a Dona Lola morava na Avenida Angélica, pertinho de casa kkkk.. Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net

Letícia disse...

Ah, a casa da Av. Angélica...rs. Gostei muito da novela; o melhor papel de Tarcisinho, que fez o Alfredo. Bjo!