quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

REINVENÇÃO

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas. . .

Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... – mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.

Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.

Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcança...
Só - no tempo equilibrada,

desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.

Só - na trevas
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

(Cecília Meireles in Flor de poema)

Que todos possamos nos reinventar em 2010. Feliz ano novo!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Comédia (nada) romântica


Comédia romântica já não faz minha cabeça mais desde, sei lá, 1998. Acho que foi o ano de "Mensagem pra você", antes das milhões de plásticas da Meg Ryan. Depois, perdi a paciência.É tudo sempre igual. Eu até tolero os clichês, mas depois de certa idade algumas coisas começam a ficar intoleráveis. Cara conhece garota. Eles brigam o filme inteiro para depois descobrirem que se amam. Às vezes, eles se gostam, mas há um mal entendido durante o filme que os separam. O final sempre se dá com correria. Ou um deles está para casar, ou vai viajar e o outro chega correndo para impedir. E ficam juntos.

Daí que eu resolvi assistir um desses novamente. Tarde chuvosa, 2012 (éca) em todos os cinemas, restou esse: 500 dias com ela. Já tinha ouvido falar (bem), mas amei. Cara conhece garota. Eles brigam e vivem bons momentos durante o filme e se separam. No entanto, o final é bem mais realista. BEM mais realista. Sem correrias e encontros em aeroportos ou no trânsito.

O enredo é contado de forma bem interessante, com idas e vindas no tempo, com recursos bastante inusitados para retratar o humor oscilante do personagem central. Além disso, dos figurinos aos cortes de cabelo, o filme tem todo um ar "retrozinho" que eu adoro. E tem os maravilhos Smiths com duas músicas na excelente trilha sonora. "Please, please, please, let me get what I want" é simplesmente a melhor música do meu mundo.
Agora, vamos combinar: mocinhas com caras de boazinhas são as piores né não? Aquele velho papinho depois de usar de todas as formas possíveis de sedução: "mas eu nunca te prometi nada, prometi?" Sobre este perfil feminino (as "boazinhas" sedutoras), ainda vou comentar o ótimo "Amantes", um dos últimos filmes do Joaquim Phoenix. Mas isso já é papo pra outro post.

domingo, 6 de dezembro de 2009

As mulheres de Manoel Carlos

Dona Helena, eu vou bater um bolinho pra senhora! Onde já se viu ficar sem comer?
É de praxe associar o autor Manoel Carlos ao Rio de Janeiro, ao Leblon e ao balanço agradável de clássicos da bossa nova. Além disso, outra característica que atribuem a ele seria "a facilidade em decifrar a alma feminina", praticamente um Chico Buarque da teledramaturgia brasileira. Ora, mas o que seria, afinal, a tal "alma feminina"? De que mulher fala Manoel Carlos?

Em sua maioria, as mulheres de Manoel Carlos são ricas. Algumas muito ricas. A maioria não trabalha ( o que fazem, por exemplo, Tereza e suas filhas? Betina ou mesmo a drunkoréxia Renata?). Elas podem ser professoras ou médicas, mas tanto as escolas como os hospitais em que trabalham parecem um shopping center.

Aliás, para não cometer injustiças, algumas mulheres de suas novelas trabalham muito. Além da conta, quase escravas. São as empregadas domésticas, sempre uniformizadas a qualquer hora do dia e da noite. Elas se dividem em duas categorias: as cordatas, quase santas, "ouvido penico" da patroa, ou as curvilíneas perigosas, objeto de cobiça do patrão.

Ah, as mulheres de Manoel Carlos são barraqueiras. Adoram uma baixaria. Algumas rolam no chão aos tapas com outra mulher. Geralmente por conta de outro homem.

E elas comem? Nem pensar. As mulheres de Manoel Carlos têm horror à calorias. E não estamos falando das personagens que tem transtornos alimentares, mas de todas. Só comem saladinhas, estão sempre de dieta.
As mulheres de Manoel Carlos são fúteis. Só falam de roupas, dietas, homens e, principalmente, mal de outras mulheres. Os homens aparecem em seus discursos como objeto de disputa de poder entre elas, não como objeto de amor. Aliás, o que seria amor nas novelas de Manoel Carlos? Você sabe?

Sei lá, não consigo me identificar com essas mulheres. Novela é ficção e entretenimento, mas "Viver a vida" só tem conseguido me deixar irritada. As mulheres de Manoel Carlos são mulheres lidas a partir da cabeça de um homem machista. Estou errada?

sábado, 21 de novembro de 2009

Dois vestidos rosa

É comum entre as meninas pequenas gostar de ver o vestido de noiva das mães. Pelo menos, era. Algumas até gostavam de experimentar, de preferência com um sapato de salto que fazia sumir os pezinhos. E eram vestidos como de princesas: longos, com babados, alguns com plumas (era moda nos anos 60/70), outros em renda. Neste quesito, eu era frustrada. Não gostava do vestido da minha mãe porque não era nada romântico a meu ver, nem parecia com o de uma princesa. Era um minivestido. Rosa. Sem grinalda ou véu.
Minha mãe casou-se no auge da ditadura militar, no início de 1971. Já tinha mais de trinta. Não quis casar na igreja. Meu pai era amigo de um padre aventureiro e o chamou para celebrar a cerimônia. Em casa. Em troca, o levou em um avião pequeno para passear em Miami.

Hoje, com o escândalo do caso Geisy, lembrei do vestido de noiva de minha mãe, o símbolo de uma juventude que descobria o feminismo. A maioria das convidadas de mamãe estavam de minissaia e ninguém era vaiada ou xingada por isso. Todas lindas.

Lembrando do vestido rosa de minha mãe, consigo ter a dimensão do quanto ele foi romântico, enfim. Representou uma época em que as mulheres ousaram mostrar as pernas e as idéias. Ninguém poderia imaginar que, quase quarenta anos depois, dentro de um regime democrático, aconteceria um fato como o vergonhoso ocorrido na UNIBAN, onde o feminino foi tão covardemente agredido. Ninguém imaginaria ainda que a protagonista faria uso da publicidade do fato para ter seus quinze minutos de fama. Com suas pernas. Não com suas idéias.

Post inspirado aqui

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As melhores histórias de amor


As melhores histórias de amor são as que não dão certo, eu li uma vez. E é verdade. De Romeu e Julieta a Casablanca. De "E o vento levou" a "Love Story". A fórmula das novelas resumida por um diretor: "Um casal querendo transar e um monte de gente querendo atrapalhar". Simples assim. Quanto mais difícil, melhor.

Ando sem vergonha de me declarar romântica. E os melhores romances aconteceram nas minisséries brasileiras, na minha opinião. Histórias de curta duração, sem tempo pra barriga que acontece nas novelas. E um bom espaço para muito drama e cenas carregadas de emoção. E muito amor impossível. Bora relembrar algumas?


1) Anos Dourados (1986)- O doce Marcos (Felipe Camargo) era filho de uma mulher separada (Beth Faria), um escândalo nos anos 50. Ele se apaixona por Lurdes (Malu Mader), uma normalista de família tradicional e conservadora. Gilberto Braga conta um romance dos bons nesta minissérie clássica, ao mesmo tempo que faz uma crítica social importante à hipocrisia da época. Estréia de Felipe Camargo. O melhor mocinho ever.

2) Anos Rebeldes (1992) - João Alfredo (Cássio Gabus) era um militante político nos anos de chumbo da ditadura militar. Era namorado de Maria Lúcia (Malu Mader), uma moça inteligente, mas que não tinha perfil politizado. Tudo o que ela queria era paz, pois seu pai também fora um perseguido político. Ao mesmo tempo que João Alfredo se envolve com a luta armada, ele se distancia de Lúcia. Outra obra-prima de Gilberto Braga.

3) Os Maias (2001) - Carlos Eduardo da Maia (Fábio Assunção) apaixona-se, sem saber, por sua irmã Maria Eduarda da Maia (Ana Paula Arósio) na Portugal do século XIX. Quer tragédia maior do que a paixão entre dois irmãos? Com cenas carregadas de sensualidade e drama pesado, essa minissérie foi uma excelente adaptação do romance de Eça de Queiroz.

4) Hilda Furacão (1998) - A consagração de Rodrigo Santoro na tevê. Frei Malthus (Santoro) envolve-se com a moça de classe média que vira prostituta, Hilda (Ana Paula Arósio). Ana Paula Arósio nunca esteve tão bonita. Estréia de Thiago Lacerda, que fez o Aramel.

5) (...) - O que vocês sugerem para o meu TOP 5 ficar completo? Me ajudem! Será que existem mocinhas sofredoras melhores do que Malu Mader e Ana Paula Arósio? Palpitem.

domingo, 8 de novembro de 2009

"Fiz a Audrey"


Há uma cena de Audrey Hepburn em "Sabrina"(1954) que sempre me lembro. Ao levar um fora de Linus (Humphrey Bogart), em que ele expõe, de maneira cruel, que não a ama, ela, Sabrina, simplesmente se levanta e sai. Apenas com o olhar ela demonstra todo o seu sofrimento e o quanto ele estaria sendo grosseiro. Sem choro, sem histrionismo. Elegantérrima.


Há muitos anos, um namorado rompeu comigo. Não foi cruel como Linus, mas o rompimento com alguém que se ama nunca é fácil. Uma amiga, na época, me perguntou: "Como você reagiu?". E eu disse: "Fiz a Audrey". Sem choro nem vela. Sem chantagens. "Se quiser voltar, me telefone. Sabe o quanto gosto de você."


Nem todas as pessoas reagem bem ao fim de uma relação. Aliás, a maioria não. Até a princesa Diana (lembram-se?) não conseguiu ser como Sabrina. Falou mal do príncipe Charles em rede nacional para mostrar o quanto ele havia sido cruel com ela. Para quê? Pagar de mulher ressentida? Atacar o objeto de amor perdido para que ninguém mais se interesse por ele (ainda que fosse o Charles)? Deixá-lo tão terrível para que você mesma não corra a tentação de querê-lo de volta?


Há hoje uma confusão do que é "mulher guerreira". Mulher "guerreira" (que termo é esse?), autêntica é aquela que expõe a vida íntima em revistas, portais de celebridades e twitters? Que risca o carro do ex? Sei lá, para mim, isso é ser barraqueira. Se você é "guerreira", maravilhosa mesmo, isso aparece. Se o cara é um paspalho e não vale nada, isso também aparece. Não precisa ficar bradando aos quatro ventos. Discrição nunca é demais. Até no final (doloroso) de um relacionamento. E isso serve, obviamente, para os homens também.


domingo, 1 de novembro de 2009

Novela de verdade!

Troca novela, trocam os galãs. Finalmente, dois bons. Sai Rodrigo Lombardi, entra Mateus Solano no papel dos gêmeos Jorge e Miguel. Eu tive o privilégio de assistir Solano em Hamlet, na pele de Horácio, seu melhor amigo.Wagner Moura é um monstro sagrado (como diria Fausto Silva), mas ele não fica atrás, definitivamente. Lindo porte em cena, melhor ao vivo do que na telinha.
Quanto à nova novela do Manoel Carlos, mais do mesmo. Seu Rio de Janeiro continua mais fictício e irreal do que a Índia de Gloria Perez. Cansei-me das Helenas; todas chatas e enjoadas. A única de que gostei, por incrível que pareça, foi a sussurrante Helena de Vera Fischer, em Laços de Família. Aline Moraes está ótima como a mimada Luciana, mas nem isso me faz assistir com gosto.

Manoel Carlos já foi melhor. E, voltando aos gêmeos de Mateus Solano, já escreveu lindamente sobre dois outros gêmeos. Tony Ramos fez uma das mais emocionantes cenas de sua carreira em uma novela do "Maneco": o reencontro dos gêmeos João Vítor (o certinho) e Quinzinho (o irreverente). Se nunca viu, vale a pena. A novela é "Baila Comigo" de 1980 e a cena fez muita gente chorar na época. Mateus Solano é um príncipe, mas Tony Ramos, definitivamente, é rei.

Dá uma olhadinha lá. E emocione-se.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Antes de Manoel Carlos




Eu já gostei muito de José Mayer. Só que foi antes dos cafajestes criados por Manoel Carlos. O garanhão do Agreste, Osnar, papel extraído do romance de Jorge Amado, foi o seu melhor. O doce Osnar, amor de infância de Tieta. Marcos, Greg, César e outros tipos não são nada perto do nordestino de bom coração.

Para relembrar, clique aqui


sábado, 19 de setembro de 2009

Saudades de Patrick Swayze...

Continuando com os posts melancólicos, posso dizer que 2009 tem roubado os anos 80 de mim. Farrah Fawcett, Michael Jackson, John Hughes e agora Patrick Swayze foram embora.
Eu era mais o Tom Cruise (já disse aqui várias vezes), mas adorava o Morten (vocalista do A-HA) que, por sua vez, era a cara do Patrick Swayze. Cara de um, focinho do outro. Beleza diferente.
Tive uma amiga que assistiu dezenas de vezes o tal do "Dirty Dancing"(1987). Louca por ele. Eu comprei os discos (sim, foram dois; excelente trilha sonora). Aprendi a dançar os passos de "I´ve had the time of my life", assim como cantar "She´s like the wind", interpretada pelo próprio Swayze. Alguns anos mais tarde, chorei e ri com ele em Ghost (1991). Sempre que ouvir "Unchained Melody" lembrarei dele e dos olhos lacrimejantes de uma jovem Demi Moore.
Uma pena que Patrick Swayze tenha que ir tão cedo embora.

a trilha sonora de minha infância...

Já fui a inúmeras festas do Cafona (ou bregas) ao longo da minha vida universitária (e até depois dela). Enquanto muitos riam das músicas e se divertiam, eu me emocionava e praticamente entrava em um "transe melancólico". Afinal, a trilha sonora da minha infância tocava nas rádios AM dos anos 80.

Graças a Elza (babá do meu irmão), eu conheci Almir Rogério, Gilliard, Amado Batista, Odair José, Márcio Greik, Peninha e outros artistas da chamada "parada popular". Enquanto brincava de Barbie ao lado da lavanderia, decorava as letras (nem sempre compreensíveis) dos reis da rádio. Não tinha noção que eram bregas. Para mim, eram músicas. Boas músicas.
Lembrei disso ao assistir a uma ótima entrevista da atriz Patrícia Pillar. Patrícia lançou recentemente um documentário sobre Valdick Soriano, cantor de, entre outras, "Eu não sou cachorro não", clássica regravada por Falcão (e em inglês, diga-se). A atriz passou muito tempo com Soriano, que morreu recentemente. O que a moveu a ficar tanto tempo perto dele e contar sua história foram lembranças similares às minhas. Uma infância longe dos pais (que precisavam trabalhar fora) e embalada por músicas tristes de amor, de homens que cantavam com o coração.

Este post é uma homenagem a eles. E a Elza, nossa querida babá romântica.

domingo, 13 de setembro de 2009

Pequenos (grandes) prazeres

  • Achar um episódio de "Seinfeld" inédito e rachar de rir;
  • Receber uma carta manuscrita, pelo correio, de uma pessoa muito querida. Bons tempos em que as cartas não eram só de banco e promoções;
  • Pegar um bebê no colo;
  • Encontrar R$50,oo esquecidos no bolso de uma calça guardada;
  • Fazer brigadeiro de colher;
  • Receber um elogio inesperado e sincero;
  • Liga o rádio e ouvir a música que você necessitava ouvir naquele exato momento;
  • Descobrir, ainda que tempos depois, que aquela pessoa que você tanto amou também amou você...

domingo, 23 de agosto de 2009

O que faz um campeão?


Alguém por aí ainda? (cof, cof)

Blog empoeirado, um tanto quanto abandonado... nem sei se alguém lê isso ainda.

Enfim, assuntos não faltam, mas o tempo curto e a preguiça tem tomado conta deste corpo aqui.

Hoje é a grande final de "A Fazenda" que não acompanhei e não tenho opinião muito formada a respeito. Pelas poucas cenas que vi, o pessoal do BBB é a fina flor da educação perto das "celebridades" confinadas em Itu. Mais brigas em uma semana (especialmente quando Theo Becker estava lá) do que o BBB 9 em toda a sua edição.


Algo que me intriga e tenho voltade de estudar (verdade) é o impacto que os reality shows têm na vida de muitas pessoas. Mais ainda: por que as mulheres nunca ganham um reality quando quem escolhe é o público? Eu digo mulheres e não mulheres bonitas. Mulher não ganha a não ser que seja muito pobre e tenha uma história de vida desgraçada. Mara e Cida, de vida quase miserável e selecionadas por sorteio foram as únicas ganhadoras em todos os quase dez anos de Big Brother. Bárbara Paz só ganhou a Casa dos Artistas I porque Supla era reconhecidamente muito rico. O público julgou que ele não precisava do dinheiro e deu a vitória a Barbara. No entanto, ele era, sem dúvida, o participante mais querido da Casa. Seus discos, depois do programa, venderam como água e "Japa Girl" virou hit de verão.

É quase regra que, entre o rapaz controverso (e carismático) e a moça gente boa, o público escolhe o rapaz. É assim desde Dhomini, passando por Jean Willys e chegando a Maxmiliano, o vencedor do BBB9. O acessor parlamentar Dhomini tinha histórico de agressão fora da casa. O professor Jean tinha denúncias de maus-tratos contra alunos e Max foi acusado durante e pós-confinamento de ser manipulador e arrogante. Os três, querendo ou não, tinham carisma. Isso sem contar o playboy Diego Alemão que foi transformado em príncipe consorte pela Globo. Tinha carisma, sim, mas contou com a máquina da edição global mais do que nenhum dos outros. E venceu com inacreditáveis 91%.

Agora a história parece se repetir no reality da Record. Se não houver nenhuma surpresa, o bad boy com cara de bom moço Dado Dolabella vencerá a zen Danni Carlos. Menino bonito, articulado, carismático, mas com histórico obscuro fora da casa, Dado deve repetir a história de outros vencedores, derrotando a moça gente boa. Se houver provas de resistência física e mental o tempo todo como em "No Limite", as mulheres têm chances. Em se tratando de capacidade de trabalho, liderança e organização como em "O aprendiz", elas também têm. Mas para cair nas graças do público e despertar paixões (ódio e amor intensos) tem que ser um homem?? Taí a questão.

domingo, 19 de julho de 2009

Saudades da revista AMIGA...


Houve um tempo que havia duas revistas de fofocas bem famosas no Brasil. A Contigo (que ainda existe) e a revista Amiga. As duas traziam resumos de novelas e fofocas de celebridades. Nas capas, havia sempre títulos bombásticos do tipo: "Tony Ramos não quer mais saber de Elizabete Savalla". Na verdade, era uma notícia do que iria acontecer na novela e não com os atores. Colocar o nome dos atores ao invés dos personagens causava um efeito maior (e tosco, digamos assim).

Hoje, copiamos dos gringos algo que eles tem de pior, no meu entendimento. Há muitas revistas de fofocas , além de sites especializados nisso. Com isso, cresceu o campo de atuação dos paparazzi e um maior número de notícias bizarras e inúteis ilustrando a primeira página dos portais.

A nova febre da internet é o twitter, uma espécie de "Caras" virtual. Há vários famosos por lá, nacionais e internacionais. Alguns deles"twittam" o dia inteiro, quase de minuto a minuto. Um está no táxi, outro acabou de consertar o chuveiro, outro faz sexo pelo twitter. Não é necessário mais revistas AMIGA nem portais de fofoca: basta seguir o seu ídolo para saber o que ele faz e pensa. Ele pode ser fake, ele pode mentir, mas o conteúdo está lá.

Eu tenho um blog, tenho orkut e acabei de me cadastrar no twitter. Exponho-me com grandes restrições.Moro em uma cidade pequena e cresci ouvindo fofocas sobre a vida alheia. A respeito de mim mesma, inclusive. O mundo internáutico e de celebridades anda pior do que a minha cidade. O mundo virou um microcosmo. Nunca vi tanta gente interessada na vida alheia, em que está pegando quem, traindo quem. Fico na dúvida o quanto a internet veio para facilitar o contato humano ou prejudicá-lo. A fofoca se alimenta desta intensa necessidade de exposição de famosos e anônimos.

Pessoas medíocres falam de outras pessoas, não de idéias, eu li uma vez. Sinceramente, acho que estamos ficando mais medíocres. Saudades da revista AMIGA e dos mexericos da Candinha. Mundo mais ingênuo e menos narcisista, aquele.

sábado, 11 de julho de 2009

Felipe Camargo, o "divo"

Você conhece alguém que foi fã do Felipe Camargo?
Agora conhece. Felipe foi meu Robert Downey Jr brazuca. Cara de cachorro pidão, escândalos, condenação pública devido ao problema com drogas, casamento com nossa diva loira mor, Vera Fischer. Só faltava a volta em grande estilo, como Downey, o homem de ferro.

Não falta mais. Felipe voltou agora em "Som e Fúria" (que título é esse?), nova série da Globo. Quando ele arrebatou a porta do teatro enquanto os atores ensaiavam "Hamlet", não teve como não lembrar de quando ele enfrentava Renato Villar, o pai sem coração de "Roda de Fogo". Saudades de Pedro, o mocinho rebelde que usava um taco de golfe como arma. Apareça mais, Felipe. Eu ainda sou tua fã.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vou-me embora para Paraty...

"Você é escritora? Parece escritora... " Uma pergunta pode soar como elogio e, no caso, foi. Eu estava entre escritores, "criadores", artistas, enfim, e me senti incluída, pertencente.
A bela e pequena Paraty tem seu momento de "glamour" em Julho quando o Brasil todo ouve falar dela através da FLIP. Glamour, em termos. Eu diria, talvez, que visibilidade seria a melhor palavra. A parte os nomes de autores internacionais importantes e toda a mídia presente, tudo o que eu mais senti foi "o elogio do simples", uma festa democrática. Talvez houvesse mais mulheres do que homens (seria a afinidade maior das mulheres pelas ciências humanas?), mas a faixa etária era absolutamente variada. Crianças, jovens universitários com suas mochilas, trintões, quarentões, cinquentões, havia de tudo. Vi muitas pessoas mais idosas e, a despeito das imensas pedras que cobrem as ruas de Paraty, muitas bengalas! E chapéus, muitos chapéus. Eu, que adoro chapéus, mas não os uso, fiquei com vontade de usar um. Muitos velhos de chapéus, muitos jovens de chapéus. Moda totalmente eclética e desencanada, deu-me a impressão de que eu poderia usar qualquer coisa. Havia as patricinhas, mas havia muitos bichos-grilos. Muitos casais e muitos solitários. Heteros e gays.

Nos cafés, a gente sentava muito perto um do outro e as cadeiras eram disputadíssimas porque a cidade estava lotada. Era comum puxar conversa com quem estava do lado, as pessoas eram receptivas a um bom papo, a dividir a mesa. Havia tempo para conversar. E sobre livros! Sobre o que você anda lendo, vendo, escrevendo! Quer coisa melhor que isso?

Manuel Bandeira era o autor homenageado da vez, e foi de um poema dele que me lembrei por ocasião destes dias mágicos de FLIP. Paraty é minha Pasárgada!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Arte de Amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

(Manuel Bandeira)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Michael Jackson


Fiquei sabendo da morte de Michael Jackson pelo programa (veja só) da Luciana Gimenez. O Nélson Rubens estava lá e, a princípio, me pareceu uma grandissíma piada de mau gosto. Afinal, do Super Pop não se pode esperar muita coisa mesmo. Qual não foi minha surpresa ao constatar que a notícia não era hipotética, mas verdadeira. Michael Jackson estava morto, de fato.
Passado o choque, pensei que aquela era uma notícia velha, na verdade. Michael Jackson, aquele cara doce e talentosíssimo, um negão bonito prá caramba, já tinha ido embora há muito, muito tempo. Basta você assistir a qualquer vídeo dos anos 70 e mesmo 80. Onde estava aquele cara? Que interagia com a platéia, cheio de energia e talento? Onde estava aquele olhar? Se você vê qualquer foto recente do Michael Jackson, você enxerga qualquer coisa, mas não identifica mais aqueles olhos de antes. Ele não estava mais lá.

O que é mais triste na doença mental (e eu trabalho com isso) é a morte em vida. Michael estava mentalmente muito doente há muitos anos. Não era homem, nem mulher, nem homem, nem menino, nem branco, nem negro. Era algo indefinido. As plásticas infinitas, aliadas a tratamentos dermatológicos e outros tantos não aplacaram as dores psíquicas. Essas nunca foram tratadas, a despeito de sua imensa fortuna.
Para concluir, presto aqui minha homenagem com uma música que embalou minha infância bem longínqua. Minha preferida, aliás.

ONE DAY IN YOUR LIFE

One day in your life
You'll remember a place
Someone touching your face
You'll come back and you'll look around, you'll ...
One day in your life
You'll remember the love you found here
You'll remember me somehow

Though you don't need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
You'll remember one day ...
One day in your life
When you find that you're always waiting

For a love we used to share
Just call my name, and I'll be there
You'll remember me somehow
Though you don't need me now
I will stay in your heart
And when things fall apart
You'll remember one day ...
One day in your life
When you find that you're always lonely
For a love we used to share
Just call my name, and I'll be there

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O emocionante (e emocionado) Selton


Selton Mello, um dos grandes nomes do cinema nacional, está novamente em evidência. Três novos filmes em cartaz: o biográfico Jean Charles, o "alternativo" A Erva do Rato e o ameno A mulher invisível. Sou da geração de Selton e posso dizer que cresci junto com ele. Do menino de cachinhos e bochechas, passando pelo adolescente galãzinho e chegando ao cara talentoso de hoje. Ele do lado de lá da telinha (e telona), eu do lado de cá. Selton me passa uma coisa triste, sei lá, desde a cena de "Corpo a Corpo" (novela de 1984) em que ele, menino, chora ao ver o pai (Antônio Fagundes) chegar bêbado à festa de consagração da mãe (Débora Duarte).

Para conferir esse momento antológico da tevê, clique aqui

E para ver outro momento comovente (e mais recente) deste grande ator, clique aqui. Aliás, emocionante é pouco.

domingo, 14 de junho de 2009

Um pouco de Shakespeare


Uma das versões mais bonitas de Romeu e Julieta é a do italiano Franco Zefirelli. No auge da juventude e da beleza (eram adolescentes), os atores Olivia Hussey e Leonardo Whiting causaram o maior furor na época (1968). Ambos não fizeram semelhante sucesso nos anos que se seguiram.

Em mês de namorados, taí um filme bacana de rever.
Na foto, os dois atores, ontem e hoje. Leonardo Whiting era o Zac Efron da época.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Uma ode a Miranda...


Como muitas, acho que “Sex and the city” deveria ter se encerrado com a série televisiva. Sem essa de longa metragem com final de novela e excesso de merchandising. Acabei me enjoando de Carrie Bradshaw e da simpatia de Sarah Jéssica Parker. Samantha é uma personagem interessante, mas não consigo me identificar com ela (é, eu não tenho uma vida sexual tãaaaaaao animada). Charlotte é chatinha e, apesar da doçura, é por demais pequeno burguesa. Só Miranda ainda me comove. Comoveu-me durante toda a série. Transformou-se. Não é a mesma Miranda do início.
Não sou workaholic, apesar de trabalhar muito. E também não acho que esta seja a principal característica de Miranda Hobbes. Ela é azeda, às vezes, mas talvez a mais humana das quatro amigas. E são os episódios em que ela brilha, com os quais eu mais me identifiquei.
Um deles, emblemático, é quando, aos trinta e quatro anos, morando só, ela começa a ter pesadelos com a idéia de morrer e demorarem para descobri-la morta. Como tem gatos, fica imaginando que eles, com fome, podem comer seu corpo em decomposição. Começa, então, a encher as vasilhas de ração para seus gatos de forma exagerada. A idéia é engraçada, ainda mais vindo da, aparentemente, racional Miranda. No entanto, quem mora sozinho tem esse medo sim. Quando Clodovil morreu sozinho e demorou a ser descoberto, confesso que deu um medinho.
Outro episódio é quando ela confessa que tem medo de encontrar os ex. Medo não, pânico. Não sabe lidar com a situação, fica sem-graça, enfim. E dá-lhe Miranda correndo e se escondendo pelas ruas de Nova York fugindo de ex-namorados. É Steve, o ex mais recente, que a acolhe. E é com Steve, o amigo, que ela se torna ainda mais humana.
Steve é o namorado loser, longe do ideal de homem que Miranda sempre procurou. Sem muita cultura, sem um emprego decente, longe de ser bonito, é com Steve que Miranda encontra a relativa paz e aprende a ser mais terna. É por ele e pelo filho que ela se transforma. Vai morar no subúrbio, vira mãe, cuida da sogra com Alzheimer. Sem glamour algum.
Isso sem contar que Miranda ama suas amigas. Eu diria que entre todas, é a mais amiga de Carrie. Racional, mas extremamente companheira. Eu queria muito ter uma amiga como Miranda. Aliás, eu acho que tenho. E agradeço muito por isso.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ser Miss Brasil é...


Baixar o Clóvis Bornay e desfilar o traje típico do seu estado, sambando, como se ele fosse a coisa mais linda do mundo...
* Any, este post foi pra você!

terça-feira, 5 de maio de 2009

REPARAÇÃO


A reparação é um mecanismo de defesa que uma importante psicanalista, Melanie Klein, observou em suas sessões de análise com crianças. Ele acontecia sempre que as crianças sentiam culpa por seus ataques imaginários a seus objetos de amor e desejavam devolver a eles a integridade perdida. Nestes momentos, é muito frequente que as crianças façam desenhos, queiram colar e consertar brinquedos quebrados, e expressem com toda a clareza a aspiração ao bem estar das pessoas que amam.

Há um belo filme sobre o tema, dos mais bonitos que já vi no cinema recentemente. Chama-se, na tradução em português, "Desejo e Reparação" e tem a bela Keira Knightley no elenco. O título original é simplesmente "Reparação" (Atonement), baseado em um romance de mesmo nome.

Alguns podem dizer que o filme fala sobre a inveja, de uma irmã sobre outra. No entanto, a beleza do filme reside justamente em todo o processo de tentativa de reparação da irmã dita "invejosa" para com a irmã que sofreu o ataque. Não há mocinhos, nem vilões no filme. Apenas seres humanos, vítimas de equívocos e de sentimentos menos nobres. Assim como você e eu.

sábado, 25 de abril de 2009

Do Paraíso às Índias...


Maior tempo do mundo que eu não assisto à novelas, eu, que já fui noveleira convicta. Não sou mais a mesma, muito menos as novelas que não estão lá grande coisa.

De relance, dei uma olhada no remake "Paraíso", que foi das primeiras novelas que assisti na vida. A última novela que tenho lembrança é "Pai Herói" (1979) quando tinha quatro anos. A primeira versão de Paraíso passou quando eu tinha seis, sete anos. Eu gostei bastante, mas era muito novinha e não entendi muita coisa. Naquela época, Benedito Rui Barbosa era autor das seis na Globo, antes do estouro de Pantanal (1990).

O que me deu muita saudade, assistindo agora à versão atual, foi de Cristina Mullins, a santinha da versão original. Adorava Cristina Mullins, uma das atrizes mais completas de sua geração e das mais lindas. Fazia comédia e drama com muita facilidade e era de uma simpatia ímpar. "Santinha" foi das suas personagens mais marcantes. Quanto ao galã da novela, já escrevi uma vez aqui mesmo neste blog e repito: José Eleutério foi o melhor papel de Kadu Moliterno, o que ele admite. Os "Josés" do Benedito (Eleutério, Leôncio, Inocêncio) são grandes personagens masculinos de telenovelas, com uma dose de doçura e masculinidade que se equilibram. Mocinhos dignos.

Natalia Dill, a Santinha da versão atual, lembra muito Cristina Mullins, é algo que impressiona. E a mocinha é boa, faz um bom par com Eriberto Leão, o José Eleutério da vez. No entanto, o texto de Benedito me cansa, me enjoa, os diálogos são muito parecidos em suas novelas. Ele tem bons argumentos, seus enredos são lindos, histórias de amor belíssimas, mas por demais arrastadas. Ficariam melhor em uma minissérie, ou em uma novela mais curta. "Paraíso" é bom para encher os olhos com a beleza e talento dos protagonistas atuais, além de matar um pouco a saudade de um tempo mais ingênuo. Afinal 1981 já é uma data bem distante.


ENQUANTO ISSO, NAS INDIAS...


A Globo anda apostando todas as suas fichas em Rodrigo Lombardi, e com razão. Não gosto dos galãs de Glória Perez. São sempre chatos, independente do ator. Murilo Benício que o diga. No entanto, o Raj de Rodrigo Lombardi é um encanto, graças à doçura do intérprete. Taí um mocinho que eu gosto, doce e másculo, como aqueles dos bons tempos do Benedito Rui Barbosa.

sábado, 11 de abril de 2009

Quem quer ser um milionário?


Osmar Prado, em entrevista recente, disse recursar-se a assistir programas como o Big Brother por achar deplorável ver pessoas discutindo e se digladiando por um milhão de reais. Neste sentido, também acho, mas há muito mais do que isso no BBB. Como programa de entretenimento (veja bem, ENTRETENIMENTO), continua imbatível e como fenômeno na internet, também.
Observar a natureza humana dentro de um confinamento repleto de privações e elementos desencadeadores de estresse, além do mau humor do Boninho pode ser, além de sádico, interessante. No entanto, ainda que você tenha pay per view, você não consegue ter acesso a um ou outro participante como um todo. Você tem imagens e só. E há coisas que não cabem em imagens, embora elas sejam poderosíssimas. O que você capta são as contradições nos discursos, a aparente ambivalência de sentimentos dos brothers, as reações de surpresa, susto,medo, especialmente no "ao vivo". Neste último BBB, sem uma mão tão pesada da edição, essas contradições puderam ser observadas em todos os participantes. Encontrar mocinhos e vilões entre eles vira tarefa complicada porque são pessoas (com uma boa dose de exibicionismo e jogos de cena) e não personagens de contos de fada. No entanto, muitos querem que assim seja e projetam em um ou outro participante características de príncipe consorte e donzela desamparada. E o mais perigoso: vilões horrorosos.
A net BBB (blogs e fóruns que discutem o BBB) cresce a cada ano e é um bom termômetro do como os ânimos se exaltam a níveis perigosos. Há blogs cômicos excelentes (melhores que o próprio programa como o Big Bosta e o Big Bother), mas há aqueles que se levam a sério demais. Um, em especial, que escolheu a participante Ana Carolina como a mocinha da vez, chega a ser criminoso. Ana, com seus olhos claros e rosto de boneca foi escolhida como santa, pura de sentimentos, princesa. Os demais, especialmente os rivais, receberam apelidos maldosos e toda sorte de impropérios, além de montagens bem toscas. No haloscan destes blogs, há declarações de ódio que chega a ser um verdadeiro linchamento virtual, além de ser assustador. Talvez por conta desta incitação ao ódio, famílias como as de Max e Priscila estavam recebendo ameaças de morte por telefone e em comunidades do orkut.
Por outro lado, blogs da torcida MAXINE (da dupla Max e Francine) fizeram vigília durante madrugadas a fio para acompanhar detalhes do namoro, entre DRs, rompimentos e amassos intermináveis embaixo do edredon. Ele teria dito "eu te amo"? Ela suspirou? Ele chorou escondido? Houve sexo? Essa mesma torcida romântica e carente (que inclui desde adolescentes a mulheres casadas e mais maduras) passou a madrugada de sábado passado votando compulsivamente pela permanência de Max na casa. Talvez a popularidade do controverso Max não fosse maior do que a de Ana Carolina, mas sua torcida era das mais apaixonadas. O domingo foi a final antecipada do programa marcando o enfrentamento das duas maiores torcidas. Max ficou.
Concluindo: talvez hoje em dia não seja mesmo a popularidade do participante que conte, mas o quanto ele pode despertar paixões. A audiência da tevê aberta já não é mais a mesma, mas Boninho ri à toa com os recordes de votação e vendas de cotas de publicidade. Resta saber agora como os fanáticos irão sobreviver à ressaca pós- BBB.

domingo, 29 de março de 2009

JOÃO E MARIA (Chico Buarque e Sivuca)

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?

segunda-feira, 2 de março de 2009

"(...)Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida... Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito é o mesmo que cravar uma faca no peito. Esta vida é um punhal com dois gumes fatais: não amar é sofrer; amar é sofrer mais"!

(Menotti del Pichia)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

O "mulherão" Kate Winslet


A primeira vez que vi Kate Winslet na “big screen” foi em um longa alternativo, “Almas gêmeas”. Assisti no cinema e o filme (sobre quão maluca pode ser uma mente adolescente) me impressionou. Sim, Kate era uma adolescente não muito bonita na época, mas já muito talentosa.
De lá pra cá, muita água rolou (com um Titanic no meio, diga-se). Este, aliás, não está entre os meus filmes favoritos dela. Achava Rose um mulherão para o molecote Jack do Di Caprio e o casal não me convenceu. Gosto mesmo da ruiva louca de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” e da doce e atrapalhada Iris de “O amor não tira férias”. Aliás, neste último filme, o romance dela com o gordinho e nada galã Jack Black emociona mais do que o dos belos Cameron Diaz e Jude Law. Aliás, achei até Kate mais bonita do que Cameron neste filme.
Agora, ainda que tardiamente para quem tem tanto talento, Kate está recebendo uma pá de prêmios por dois filmes: “O leitor” e “Foi apenas um sonho”. Aliás, este último é o que une, após mais de dez anos, Kate Winslet e o amigo Leonardo di Caprio. Os trinta anos fizeram de Kate uma mulher mais linda, e deram rugas a Di Caprio que, finalmente, me parece um homem interessante.Aliás, vamos aguardar domingo pelo OSCAR onde, tomara, ela reinará soberana. De preferência, mostrando suas curvas de mulher real em um vestido bem justo.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Vícios

Robert Downey Jr em momento gato e não-drogadito

Já há algum tempo, não vejo muita graça no Tom Cruise. Acho que desde Jerry Maguire (1996). Depois disso, ele fez o filme do Kubrick, separou da Nicole e deu uma pirada. Dizem que ele já era meio piradão antes, mas tinha um agente linha-dura que cuidava da imagem dele. O agente foi mandado embora, ele começou a namorar a Katie Holmes, pulou de alegria no sofá da Oprah e andou dando umas declarações malucas por aí. Enfim.
Aí ele veio ao Brasil nesta semana com sua amada Katie e a filhinha fofa. Sabe que eu fiquei feliz de vê-lo com aquele sorrisão? Tom Cruise é Tom Cruise. Querendo ou não, marcou minha vida. Como já contei há alguns posts atrás, troquei várias playboys-relíquia por fotos dele. E assisti ao “Top Gun” por 26 vezes. Meu passado me condena horrores.


Falando em ídolos juvenis, eu tive outros, além do Tom. Judd Nelson (lembra?) era um. Robert Downey Júnior era outro. Esses meninos rebeldes com cara de carente. Eu A-MA-VA o Robert Downey. Louca, pirada. E quando ele fez o Chaplin? Genial. Não era do tipo lindo, mas tinha um talento absurdo. Teve vários problemas com drogas, foi internado inúmeras vezes, preso outras tantas. Agora está aí, concorrendo ao OSCAR deste ano, como ator coadjuvante. E eu fico feliz com isso.

Daí que eu nem ia assistir ao Big Brother neste ano. Prometi que não ia assistir porque vicio, confesso. Café e Big Brother são minhas drogas lícitas. E eu preciso trabalhar e fico lá pegando afeto com gente que nem conheço, odiando outros e chorando em paredão (sim, meu passado próximo também me condena). Não ia assistir, mas aí bati o olho num participante que me lembrou o Robert Downey. Muito. O Robert Downey e um ex. Aí ferrou bonito. Virei freguesa do BBB9. Minha adolescência tem habitado em mim nos últimos dias.

domingo, 25 de janeiro de 2009

"O curioso caso de Benjamin Button"


"Somos predestinados a perder as pessoas que amamos. De que outra maneira saberíamos como são importantes para nós?"

David Fincher, diretor de "O curioso caso de Benjamin Button" é um bom contador de histórias. Assim como Forrest Gump, personagem que parece um primo-irmão de Benjamin. E, assim como o filme "Forrest Gump"(1994), a saga de Benjamin Button vem entremeada de frases que o ilustram, tais como a que dá inicio este post.

Forrest (Tom Hanks) era um cara limítrofe. Um herói bom e puro, com uma mãe (Sally Field) que faria qualquer coisa por amor a ele. Com pouca malícia, este homem, um tanto quanto limitado e comum, atravessa eventos extraordinários sem se dar conta (conhece Elvis, vai para a guerra do Vietnã, ajuda John Lennon a escrever Imagine, etc). Atravessa quase todo o século XX praticamente sem envelhecer e amando a mesma mulher. Já Benjamin (Brad Pitt) é um homem que nasce com uma estranha característica: tem cerca de 80 anos ao nascer. A mãe morre no parto, e o pai o rejeita, deixando-o num asilo. Lá, ele encontra sua mãe de criação que, a despeito das dificuldades, parece fazer qualquer coisa por amor a ele. Benjamin é bom, um herói puro de sentimentos. Ao longo da vida, este homem, ingênuo e casto aos 80, vai aprendendo as malícias da vida enquanto rejuvenesce. O dom de rejuvenescer enquanto passam-se os anos faz dele um homem extraordinário, vivendo coisas comuns (o primeiro emprego, a primeira mulher, o primeiro porre, o amor). Também como Forrest, ele atravessa o século XX amando a mesma mulher.

Há que se ver os dois filmes sem grandes críticas. São fábulas. Benjamin, em especial, nos mostra que o que seria uma grande dádiva ( tornar-se cada vez mais jovem enquanto se ganha sabedoria) não nos proteje das perdas inerentes à vida. Emociona por falar, com delicadeza, de dois grandes amores (indissociáveis segundo a psicanálise): o da mãe e o de outra mulher. A mãe de Benjamin o amava de qualquer forma. Daisy (Cate Blanchet), seu grande amor, o amava, independente de qual fase da vida estavam, e das diferenças de idade. Amava-o. Simples assim. E, afinal, o que mais buscamos na vida, senão isso?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Caminho das Índias

Adoro a Juliana Paes, mas a Glória Perez, depois do Manoel Carlos, é a campeã em criar heroína chata. Chaaaaaata. Heroína chata e mocinho mongo. Bora relembrar??

1) Barriga de Aluguel
O único papel da Cláudia Abreu que eu não suportei. Clara era insuportável. Disputava com a Cássia Kiss (Ana) a maternidade de um bebê e o posto de mais chata da novela. E o mocinho era o Vitor Fasano. Nem preciso falar nada.
2) De corpo e alma
Cristiana de Oliveira foi Paloma. Envolvia-se com Tarcisão (juiz Diogo) . Alguém lembra? Deu saudades da Juma.
3) Explode coração
Depois da Dara, Tereza Seiblitz nunca mais fez um papel relevante na tevê. E eu gostava dela. Dara fazia par com Júlio Falcão (Edson Celulari) e com o cigano Ígor (Ricardo Machi).
4) O clone
Jade (Giovana Antonelli) foi a mocinha mais chata e mimada de todas as novelas. Eu queria mesmo que ela queimasse no mármore do inferno (e olha que eu também gosto da Giovana). E o Murilo Benício era o Lucassssss. Mongo total.
5) América
Sol começou a novela em um tom marrom. Deborah Secco como Sol deu nos nervos. Novamente o Murilo Benício era o mocinho chato. Tião. Que conversava com o Boi Bandido.

Glória, salve a classe de autoras de telenovela. Faça uma mocinha digna e menos histérica. Juliana Paes merece. Márcio Garcia merece. E a gente também.

A favorita - último capítulo

Pobre Shiva Lênin. O verdadeiro herói da novela.

- cuidou e aturou um pai lunático a novela inteira
- teve outro pai melancólico (e, desculpe, corno) a novela inteira
- a mãe era traficante de armas, bandidona e tinha rodado com metade do elenco masculino
- assumiu a paternidade de um filho que não era seu, de uma garota que tinha um pai violento que o ameçava

E, no último capítulo
- teve que ficar cuidando do restaurante enquanto Catarina viaja com Estela.
- não descobriu quem era seu verdadeiro pai.

Que Zé Bob, o quê. Shiva Lênin é o cara.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Maysa

Estão assistindo? Gostando?
Eu fui uma adolescente velha, que tinha letras de música da Maysa nas minhas apostilas do colégio. Não, eu não cresci nos anos 50, mas havia canções lindas de Dolores Duran (outra cantora de fossa) e da Maysa na trilha sonora de "Anos Dourados" (1986), das melhores minisséries já exibidas pela Rede Globo.
Sem desmerecer o Manoel Carlos, que assina a minissérie Maysa, Gilberto Braga, creio eu, faria melhor. Dizem por aí que "Maneco" escreve para mulheres e entende a alma delas, mas eu discordo. Chico Buarque faz isso lindamente, ele não. Suas Helenas e derivadas são demasiadamente histriônicas e mimadas, o que não me desperta nenhuma identificação. Ele está fazendo isso com Maysa; aos olhos de quem jamais ouviu falar dela, trata-se de uma mocinha geniosa e com talento, mas mimada e chata. E Larissa Maciel, a despeito de sua incrível semelhança física, parece-me muito afetada em algumas cenas, especialmente as de dublagem das músicas. Procure uma gravação, dentre muitas, no youtube, e você verá que Maysa não era assim, tão caras e bocas.
No entanto, estou seguindo a minissérie. O que é aquela reconstituição de época? E a fotografia? E as músicas? Tudo muito bonito.
A família Matarazzo, ao que parece, está aprovando a boa imagem passada de André Matarazzo, o primeiro marido de Maysa. Mas, o que dizer de Ronaldo Bôscoli? O ator (Mateus Solano), utilizando uma gíria da época, é um piteuzinho e está muito bem, natural no papel. No entanto, a imagem que se tem do Bôscoli é de que foi um carreirista bem cafajeste. E, por alguma razão que desconheço, trocaram o nome de sua noiva. Era Nara Leão a noiva traída por Bôscoli e não uma atriz chamada "Beta".
Encerro este post com a própria Maysa cantando "Ne me quitte pas", em uma interpretação comovente. De chorar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tudo sobre meu pai

Há 25 anos, meu pai se foi. Como com quase todas as pessoas que vivem de forma intensa e inconsequente, o fim foi trágico e prematuro.
Na cidade onde nasci, meu pai foi praticamente uma celebridade. Não era um artista, nem atleta.Foi piloto de avião em um lugar em que esta profissão era pouco provável para os rapazes da época. Ajudou a fazer crescer o pequeno aeroporto local. Organizava verdadeiras festas aos domingos com shows de acrobacias e paraquedismo. Tinha amigos na Esquadrilha da Fumaça e no exterior. Era alegre, engraçado e festeiro.
Quando ele morreu, tal qual um Elvis tupiniquim e interiorano, as pessoas diziam que ele não tinha morrido. Até hoje dizem, aliás. "Seu pai está na Colômbia escondido, mas ainda ama sua mãe"; "seu pai fugiu com a Perlla cantora e está no Paraguai com ela" e por aí vai. Pessoas se emocionam quando falam dele, contam histórias, frases de efeito que ele teria dito, piadas que teria contado. Amigos se reúnem e ligam chorando para minha mãe no aniversário da morte dele. Há comunidades para ele no orkut, pinturas e pichações com o nome dele nos muros da minha cidade.
Já me questionaram: por que não escreve um livro sobre seu pai? Meu pai era paradoxal, um ser de excessos, um bom personagem. No entanto, como todo "ser de excessos", não tinha vocação para a paternidade. Não tenho vontade de escrever um livro sobre ele; outras pessoas o fariam melhor que eu.
Guardadas as devidas proporções, pensei nele quando li a entrevista de Jayme Monjardim, que agora dedica uma obra sua à mãe, Maysa. Maysa tinha 40 anos quando morreu; meu pai, 42. Achei Monjardim corajoso ao escancarar suas feridas de forma tão pública, ainda mais escalando seus filhos, que não são atores, para vivê-lo em diferentes fases de sua vida. Haja Freud.
Eu, que não sou Monjardim, nem tão pouco Lisa Marie Presley, contento-me em compartilhar este post com vocês. E a assistir à minissérie que começa hoje, contando a vida daquela louca de olhos claros que viveu pouco, mas o suficiente para ser nossa Edith Piaf.