sábado, 11 de abril de 2009

Quem quer ser um milionário?


Osmar Prado, em entrevista recente, disse recursar-se a assistir programas como o Big Brother por achar deplorável ver pessoas discutindo e se digladiando por um milhão de reais. Neste sentido, também acho, mas há muito mais do que isso no BBB. Como programa de entretenimento (veja bem, ENTRETENIMENTO), continua imbatível e como fenômeno na internet, também.
Observar a natureza humana dentro de um confinamento repleto de privações e elementos desencadeadores de estresse, além do mau humor do Boninho pode ser, além de sádico, interessante. No entanto, ainda que você tenha pay per view, você não consegue ter acesso a um ou outro participante como um todo. Você tem imagens e só. E há coisas que não cabem em imagens, embora elas sejam poderosíssimas. O que você capta são as contradições nos discursos, a aparente ambivalência de sentimentos dos brothers, as reações de surpresa, susto,medo, especialmente no "ao vivo". Neste último BBB, sem uma mão tão pesada da edição, essas contradições puderam ser observadas em todos os participantes. Encontrar mocinhos e vilões entre eles vira tarefa complicada porque são pessoas (com uma boa dose de exibicionismo e jogos de cena) e não personagens de contos de fada. No entanto, muitos querem que assim seja e projetam em um ou outro participante características de príncipe consorte e donzela desamparada. E o mais perigoso: vilões horrorosos.
A net BBB (blogs e fóruns que discutem o BBB) cresce a cada ano e é um bom termômetro do como os ânimos se exaltam a níveis perigosos. Há blogs cômicos excelentes (melhores que o próprio programa como o Big Bosta e o Big Bother), mas há aqueles que se levam a sério demais. Um, em especial, que escolheu a participante Ana Carolina como a mocinha da vez, chega a ser criminoso. Ana, com seus olhos claros e rosto de boneca foi escolhida como santa, pura de sentimentos, princesa. Os demais, especialmente os rivais, receberam apelidos maldosos e toda sorte de impropérios, além de montagens bem toscas. No haloscan destes blogs, há declarações de ódio que chega a ser um verdadeiro linchamento virtual, além de ser assustador. Talvez por conta desta incitação ao ódio, famílias como as de Max e Priscila estavam recebendo ameaças de morte por telefone e em comunidades do orkut.
Por outro lado, blogs da torcida MAXINE (da dupla Max e Francine) fizeram vigília durante madrugadas a fio para acompanhar detalhes do namoro, entre DRs, rompimentos e amassos intermináveis embaixo do edredon. Ele teria dito "eu te amo"? Ela suspirou? Ele chorou escondido? Houve sexo? Essa mesma torcida romântica e carente (que inclui desde adolescentes a mulheres casadas e mais maduras) passou a madrugada de sábado passado votando compulsivamente pela permanência de Max na casa. Talvez a popularidade do controverso Max não fosse maior do que a de Ana Carolina, mas sua torcida era das mais apaixonadas. O domingo foi a final antecipada do programa marcando o enfrentamento das duas maiores torcidas. Max ficou.
Concluindo: talvez hoje em dia não seja mesmo a popularidade do participante que conte, mas o quanto ele pode despertar paixões. A audiência da tevê aberta já não é mais a mesma, mas Boninho ri à toa com os recordes de votação e vendas de cotas de publicidade. Resta saber agora como os fanáticos irão sobreviver à ressaca pós- BBB.

2 comentários:

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Eu não consegui enxergar VERDADE no olhar e no comportamento do Max... E muito menos do Flávio. Eu entendi a proposta do Boninho em colocar um ar mais racional no BBBB9, mas ainda defendo que Tv é emoção.. E isso a Ana tinha.. Logicamente acompanhei o blog De Cara Pra Lua e da Dona Lupa.. (aliás, acredito que as duas tomaram atitudes irracionais em um jogo que não despertou, pelo menos pra mim, muita emoção).. A pressão das torcidas ocorreu também no BBB8.. Isso não é novidade (aliás, chegaram até os 75 milhões de votos em 2008).. O que discuto é o processo de votação... Um voto por computador (eu acho que era assim nos primórdios hehe).. Bjs, Fabio ps: o Max era o menos pior dos 3 finalistas.

Letícia disse...

Concordo com o que diz do processo de votação, Fábio. E as torcidas (ambas) eram irracionais. A gente, que não é fanático, nem nada, escolhe nossos preferidos, talvez por identificação. E aí, cada um tem o seu mesmo.
Abraço