sábado, 25 de abril de 2009

Do Paraíso às Índias...


Maior tempo do mundo que eu não assisto à novelas, eu, que já fui noveleira convicta. Não sou mais a mesma, muito menos as novelas que não estão lá grande coisa.

De relance, dei uma olhada no remake "Paraíso", que foi das primeiras novelas que assisti na vida. A última novela que tenho lembrança é "Pai Herói" (1979) quando tinha quatro anos. A primeira versão de Paraíso passou quando eu tinha seis, sete anos. Eu gostei bastante, mas era muito novinha e não entendi muita coisa. Naquela época, Benedito Rui Barbosa era autor das seis na Globo, antes do estouro de Pantanal (1990).

O que me deu muita saudade, assistindo agora à versão atual, foi de Cristina Mullins, a santinha da versão original. Adorava Cristina Mullins, uma das atrizes mais completas de sua geração e das mais lindas. Fazia comédia e drama com muita facilidade e era de uma simpatia ímpar. "Santinha" foi das suas personagens mais marcantes. Quanto ao galã da novela, já escrevi uma vez aqui mesmo neste blog e repito: José Eleutério foi o melhor papel de Kadu Moliterno, o que ele admite. Os "Josés" do Benedito (Eleutério, Leôncio, Inocêncio) são grandes personagens masculinos de telenovelas, com uma dose de doçura e masculinidade que se equilibram. Mocinhos dignos.

Natalia Dill, a Santinha da versão atual, lembra muito Cristina Mullins, é algo que impressiona. E a mocinha é boa, faz um bom par com Eriberto Leão, o José Eleutério da vez. No entanto, o texto de Benedito me cansa, me enjoa, os diálogos são muito parecidos em suas novelas. Ele tem bons argumentos, seus enredos são lindos, histórias de amor belíssimas, mas por demais arrastadas. Ficariam melhor em uma minissérie, ou em uma novela mais curta. "Paraíso" é bom para encher os olhos com a beleza e talento dos protagonistas atuais, além de matar um pouco a saudade de um tempo mais ingênuo. Afinal 1981 já é uma data bem distante.


ENQUANTO ISSO, NAS INDIAS...


A Globo anda apostando todas as suas fichas em Rodrigo Lombardi, e com razão. Não gosto dos galãs de Glória Perez. São sempre chatos, independente do ator. Murilo Benício que o diga. No entanto, o Raj de Rodrigo Lombardi é um encanto, graças à doçura do intérprete. Taí um mocinho que eu gosto, doce e másculo, como aqueles dos bons tempos do Benedito Rui Barbosa.

sábado, 11 de abril de 2009

Quem quer ser um milionário?


Osmar Prado, em entrevista recente, disse recursar-se a assistir programas como o Big Brother por achar deplorável ver pessoas discutindo e se digladiando por um milhão de reais. Neste sentido, também acho, mas há muito mais do que isso no BBB. Como programa de entretenimento (veja bem, ENTRETENIMENTO), continua imbatível e como fenômeno na internet, também.
Observar a natureza humana dentro de um confinamento repleto de privações e elementos desencadeadores de estresse, além do mau humor do Boninho pode ser, além de sádico, interessante. No entanto, ainda que você tenha pay per view, você não consegue ter acesso a um ou outro participante como um todo. Você tem imagens e só. E há coisas que não cabem em imagens, embora elas sejam poderosíssimas. O que você capta são as contradições nos discursos, a aparente ambivalência de sentimentos dos brothers, as reações de surpresa, susto,medo, especialmente no "ao vivo". Neste último BBB, sem uma mão tão pesada da edição, essas contradições puderam ser observadas em todos os participantes. Encontrar mocinhos e vilões entre eles vira tarefa complicada porque são pessoas (com uma boa dose de exibicionismo e jogos de cena) e não personagens de contos de fada. No entanto, muitos querem que assim seja e projetam em um ou outro participante características de príncipe consorte e donzela desamparada. E o mais perigoso: vilões horrorosos.
A net BBB (blogs e fóruns que discutem o BBB) cresce a cada ano e é um bom termômetro do como os ânimos se exaltam a níveis perigosos. Há blogs cômicos excelentes (melhores que o próprio programa como o Big Bosta e o Big Bother), mas há aqueles que se levam a sério demais. Um, em especial, que escolheu a participante Ana Carolina como a mocinha da vez, chega a ser criminoso. Ana, com seus olhos claros e rosto de boneca foi escolhida como santa, pura de sentimentos, princesa. Os demais, especialmente os rivais, receberam apelidos maldosos e toda sorte de impropérios, além de montagens bem toscas. No haloscan destes blogs, há declarações de ódio que chega a ser um verdadeiro linchamento virtual, além de ser assustador. Talvez por conta desta incitação ao ódio, famílias como as de Max e Priscila estavam recebendo ameaças de morte por telefone e em comunidades do orkut.
Por outro lado, blogs da torcida MAXINE (da dupla Max e Francine) fizeram vigília durante madrugadas a fio para acompanhar detalhes do namoro, entre DRs, rompimentos e amassos intermináveis embaixo do edredon. Ele teria dito "eu te amo"? Ela suspirou? Ele chorou escondido? Houve sexo? Essa mesma torcida romântica e carente (que inclui desde adolescentes a mulheres casadas e mais maduras) passou a madrugada de sábado passado votando compulsivamente pela permanência de Max na casa. Talvez a popularidade do controverso Max não fosse maior do que a de Ana Carolina, mas sua torcida era das mais apaixonadas. O domingo foi a final antecipada do programa marcando o enfrentamento das duas maiores torcidas. Max ficou.
Concluindo: talvez hoje em dia não seja mesmo a popularidade do participante que conte, mas o quanto ele pode despertar paixões. A audiência da tevê aberta já não é mais a mesma, mas Boninho ri à toa com os recordes de votação e vendas de cotas de publicidade. Resta saber agora como os fanáticos irão sobreviver à ressaca pós- BBB.