quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vale Tudo, again.


Bóra eu falar novamente da dona Odete e cia. Meses atrás narrei um diálogo de "Vale Tudo" reproduzido por mim e um grande amigo em um restaurante (loucos). Como se não bastasse a tamanha loucura e saudosismo nossos, eis que a novela retorna em reprise (Canal Viva) e vira febre novamente, com os gritos de Raquel Acioly, as bebedeiras de Heleninha e a franja de Solange Duprat. E, é claro, as frases politicamente incorretas de Odete Roitman.
Gilberto Braga, para quem lê este humilde blog, é recorrente em minhas recordações saudosistas. Esqueça os fúteis do Leblon de Manoel Carlos, pois é Gilberto Braga que retrata melhor o que há de mais cáustico e podre entre os ricos cariocas. Seus mocinhos são enfadonhos, mas os vilões são os melhores. Haja visto a própria Odete, Felipe Barreto, Renato Mendes, Laura Prudente da Costa e Olavo Novaes. Seus vilões tinham humor.
Voltando a Vale Tudo, novela de 1988/89, algumas coisas continuam bem atuais, mas muito envelheceu. Não sei se é por conta das imagens antigas, mas algumas cenas estão muito escuras. Tudo era mais pobre, até a casa dos ricos não tinha tanto luxo como hoje. A corrupção continua uma praga que corrói o país, mas o desemprego, o horror dos anos 80, não está mais tão assustador. A classe C e D pode comprar mais e ter acesso a bens de consumo inimagináveis naqueles tempos. Além disso, viagens internacionais que eram quase inacessíveis naquela época, estão bem mais próximas da classe média. Isso tudo, fruto de uma economia estável, algo que era bem distante da realidade em 88. Um luxo, para o rapaz rico (Tiago, filho de Marco Aurélio) era ter uma extensão telefônica no quarto, além de uma televisão. Eram tempos sem computador e celular. Ah, e um grande presente era dar um disco de vinil.
Alguns golpes da vilãzinha Maria de Fátima não seriam necessários.O golpe da simulação de incêndio na revista Tomorrow  para roubar a agenda de Solange, por exemplo. Ela queria apenas o nome do cabeleireiro de uma atriz famosa. Hoje é fácil saber disso pelas revistas, pois os próprios "hair stylist" são celebridades. O mundo todo mudou e é globalizado.
Pessoalmente, minha posição também é outra em relação à novela. Para mim, na época, Raquel, a mãe de Fátima, era uma senhora. Hoje, vejo Regina Duarte quase como uma menina, muito jovem, pois estou mais próxima da idade dela na época (40)  do que a idade de Glória Pires (25, uma garota). Em 1988, eu  estava no início da adolescência, sonhando com a viagem de formatura. Tenho todo este ano registrado em diário e a impressão é de que foi ontem que eu tinha um abrigo colorido da Benetton, parecido com o de Flávia Monteiro. Assistindo, hoje, à novela, vejo que não foi. Já faz 22 anos. Uma verdadeira viagem no tempo.

2 comentários:

Ju disse...

MAria de Fátima, Odette e heleninha Roitman: o melhor do pior.
Pra mim, foi Heleninha que talhou o termo "vergonha alheia". Nunca esquecerei de seus gritos roucos de cio e álcool:Ivannnn, Ivaaannn....rsrsrs
E Maria de Fatima esta acima do bem e do mal. Puramente amoral, virando os olhos pra uma Regina Duarte em um papel feito na medida. Tempos depois ela faria os mesmos olhares aflitos ao dizer que "tinha medo" que um certo candidato Lula chegasse à presidencia.NAscia ali a era FHC.
Hoje 22 anos depois, indo pro terceiro mandato consecutivo do PT, que agora alem de reeleiçao pleiteia que o mandato seja vitalicio - tal qual um papado- com trocentos escandalos que parecerem invisives ao povo (o mesmo que elege Tiririca), começo a compreender aquele olhar esbugalhado. Regina sabia algo que eu não sabia e que só quem teve uma filha como Maria de Fátima adquire! Fomos ingênuos, zombamos de sua aflição e tai. Tomaremos na cabeça por 3 mandatos....
Vale TUdo: ainda atual e mais NECESSARIA que tudo em tempos de PT eterno e Tiririca.
Bjs Amei seu post!!!

Letícia disse...

Heleninha dançando mambo bêbada está nos anais da televisão brasileira...rs. Regina Duarte tinha um palanque portátil em Vale Tudo. Serviu de treino para anos depois, com certeza.
Bjo, Ju.