quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sessão de Terapia - o balanço final

 A primeira temporada de "Sessão de Terapia" chegou ao fim e deixa alguns saudosos por aí (eu, inclusive). Não é, de fato, uma série para grandes audiências, mas conseguiu um público cativo, o que acabou garantindo uma segunda temporada para 2013. Não assisti à versão americana, mas pelo que pude constatar, o roteiro é basicamente o mesmo em todas as versões ao redor do mundo, com algumas adaptações. O grande mérito de Selton Mello (o diretor brasileiro) talvez tenha sido o de apresentar, em papéis de destaque, atores pouco conhecidos do grande público ou que estavam esquecidos. Esta, aliás, tem sido uma marca registrada do ator enquanto diretor. Em seus filmes, por exemplo, ele "ressuscitou" Darlene Glória, Moacyr Franco e Ferrugem. Em "Sessão de Terapia", à parte Maria Fernanda Cândido e Maria Luiza Mendonça, todos os outros atores eram pouco ou nada conhecidos. E deram um show:
 
Théo (Zécarlos Machado)

Zécarlos Machado tem uma trajetória reconhecida no teatro, mas na televisão sempre obteve papéis secundários. Lembro-me sempre dele por ter sido o amante-comparsa da "vilã de história em quadrinhos" Nazaré (Renata Sorrah) em "Senhora do Destino" (2004). Também  ao lado da atriz, o ator interpretou um marido pouco compreensivo e homofóbico em "Páginas da Vida" (2006).

Cena de "Páginas da Vida" (2006)
Assim sendo, inicialmente causou-me estranheza a escolha do ator para o papel. Incomodou-me inclusive sua voz (seria fumante?) e dicção. Para mim, ele seria perfeito para o papel de bandidão, não de analista. No entanto, acabei gostando muito do Theo que ele compôs. Entre outros tantos episódios, aquele em que ele atende o pai de Breno (Sérgio Guizé) foi especialmente tocante. Nas redes sociais, Zécarlos foi alçado à condição de galã, despertando paixões por aí. Isso comprova o poder incrível que um papel pode ter (ou o que o papel de um bom analista pode despertar).


Breno (Sérgio Guizé)

Sérgio Guizé, junto de Bianca Müller (Nina), era o rosto menos conhecido da série. Talvez isso tenha contribuído para dar ainda mais verossimilhança ao atormentado Breno. O personagem foi capaz de despertar as mais diversas emoções em quem assistia (raiva, asco, pena, ternura). Seu final causou comoção nas redes sociais. 

Sérgio Guizé, irreconhecível, na pele de um travesti em "Tapas e Beijos"
 
Nina (Bianca Müller )

Formada em Rádio e TV, Bianca Müller foi a grande aposta de Selton. Ela interpretou a ginasta adolescente Nina. Com 22 anos, Bianca deu vida a uma adolescente de 15 anos de forma convincente e sensível. A personagem chamava a atenção por tantas características que a incrível beleza de Bianca conseguia ficar em segundo plano.

Bianca Müller


Ana (Mariana Lima) e João (André Frateschi)

Mariana Lima em "O rei do Gado" (1996)
 
Mariana Lima é muito lembrada pelos noveleiros de plantão por seu primeiro papel na tevê: Liliana, a namorada rejeitada de Marcos Mezenga (Fábio Assunção) em "O rei do gado" (1996). Seu drama era embalado pela música-chiclete de Daniela Mercury ("...quando não tinha nada, eu quis, quando tudo era ausência, esperei..."). Atriz muito identificada pela intensidade com a qual mergulha em seus trabalhos (seja no cinema ou teatro), Mariana deu vida à complexa Ana, talvez uma das melhores atuações de "Sessão de Terapia". Junto dela estava André Frateschi, o "marido" João. André é filho dos atores Denise del Vechio (tem os olhos dela, aliás) e Celso Frateschi. Em novelas, fez vários coadjuvantes cômicos.

Na série, ele compôs uma bela dupla dramática com Mariana Lima. As sessões do casal (sempre às quintas feiras) eram um verdadeiro show dos atores. Aliás, era difícil dormir após assistir às terríveis sessões de quinta feira.

Dora (Selma Egrei)

Selma Egrei nos anos 70
A experiente Selma Egrei foi a escolha de Selton Mello para interpretar Dora, a analista-supervisora-amiga-colega de Theo. Pouco conhecida do grande público, Selma Egrei fez muitos filmes nos anos 70. Em novelas, fez algumas participações. É mais lembrada como a mãe ambiciosa de Christine Fernandes em "A Favorita" (2008). Seu olhar de "madrasta da Branca de Neve" deu o tom gélido e distante que Dora precisava. Selma Egrei me convenceria facilmente como psicanalista, se a encontrasse em algum congresso por aí.


Posso dizer que, enquanto psicóloga, muitas coisas de "Sessão de Terapia" me incomodaram (em relação a questões técnicas do profissional). No entanto, como telespectadora, posso dizer que programa cumpriu sua função e conseguiu comover.Também introduziu o universo do trabalho solitário do psicoterapeuta a quem sabia pouco sobre ele. Os pacientes retratados eram especialmente resistentes (e agressivos), o que contribuiu para o sofrimento do personagem do terapeuta, um homem já atormentado. Não é sempre assim na "vida real", embora seja crível encontrar pacientes como aqueles. E o "espetáculo dramático" só funcionou porque os atores eram bons. Não foram raras as vezes em que fui às lágrimas. Mérito do elenco (excelente) e do diretor. Fiquei pensando em quantos outros talentos não devem estar por aí escondidos, enquanto ficamos enjoados de ver sempre os mesmos rostos na tevê. Fico no aguardo da segunda temporada com novas (e boas) surpresas.



2 comentários:

Anônimo disse...

Letícia, eu tb acompanhei esta série. Como vc acho que algumas atitudes do terapeuta foram meio complicadas, mas no geral eu também me comovi como telespectadora. Eu gostei muito da Nina e da Ana. A Ana realmente está se superando, ela é profunda e intensa. Mas quando era a Júlia, eu não conseguia assistir até o final, não sei porque. Quando vi a Julia no "In Treatment"ela era a personagem que eu mais gostava... bjs Tiemi

Letícia disse...

Oi, Re! Bom vê-la por aqui. Algo me incomodou na interpretação da Maria Fernanda Cândido. Nem sei se foi na interpretação, mas é que mesmo sendo lindíssima, ela não tem carisma. E, de fato, a gente tem que assistir sem se preocupar muito com as questões técnicas, pq senão a gente enlouquece...rs.
Um beijo