domingo, 11 de setembro de 2011

O homem do futuro

"O homem do futuro" é um filme despretensioso. Não vá, como eu, assistí-lo em um sábado à noite, em um shopping lotado de adolescentes. Não é, necessariamente, um filme para assistir no cinema. Desfrute-o no conforto da sua casa, em meio às lembranças (bacanas ou nem tanto) que, inevitavelmente surgem, em especial para aqueles que não eram mais bebês em 1991. E aí você evita os púberes que ficam gritando para a Alinne Moraes tirar a roupa logo.


Com certeza você já viu filmes similares, especialmente americanos, que brincam com essa estória de viajar no tempo. Impossível não se lembrar de Marty McFly e seu DeLorean viajando para 1955, a época em que seus pais eram jovens. Alguns diálogos do filme de Cláudio Torres remetem imediatamente à trilogia de "De volta para o futuro" que, afinal, já é um super clássico dos anos 80. No entanto, os longínquos anos dourados, mesmo em 1985, era uma época interessante de revisitar, com o surgimento do rock´n roll, a repressão sexual pré-pílula e todos aqueles vestidos rodados e topetes com gel. A década de 90, revisitada em "O homem do futuro", embora seja um tempo que tranformou a forma como a gente se relaciona hoje, não é uma época fácil de identificar. Quando eu penso na forma como nos vestíamos, por exemplo, eu lembro disso:


Os cabelos já não eram tão armados e não havia tanto exagero como nos anos 80, mas estavam lá as horríveis calças semi- bags,os vestidos colados no corpo, os blazers imensos e as camisas coloridas por cima das camisetas também imensas. Fomos perdendo o exagero ao longo da década cuja moda é chamada hoje de minimalista.

Em "O homem do futuro", o diretor optou por filmar quase todas as cenas de 1991 em uma festa à fantasia, onde a reconstituição de época não foi necessária. A música-tema do filme, não por acaso, uma vez que trata justamente do tempo, é "Tempo Perdido", do Legião Urbana. No entanto, a música é de meados dos anos 80. "Creep", a música que embala o romance de Zero e Helena é linda e fala justamente de um cara que não se encaixa, um esquisito (como o personagem). Wagner Moura, que também canta, deu uma roupagem sexy à canção melancólica do Radiohead, lançada em um CD de 1992. É da década de 90, mas virou hino dos solitários de várias gerações.

Preciosismos de época à parte, o filme cumpre o que propõe. É leve, nos remete a uma familiaridade gostosa (com nosso passado, com outros filmes bem conhecidos) e tem Alinne Moraes e Wagner Moura, maravilhosos. Wagner Moura é propositalmente caricato nos três personagens que compõe, mas emociona muito com seu Zero quase adolescente. Como não há maquiagem para rejuvenescê-lo, o ator convence que tem vinte anos com o olhar. É um olhar que você só consegue ter aos 18, 20 anos. Cosméticos e um bom trato podem te manter com a pele boa e o corpinho em forma, mas aquele encantamento diante das coisas e que pode ser visto através dos olhos, não volta mais. Procure lá nas suas fotos mais antigas que você acha. E assista "O homem do futuro" para ver o menino Wagner Moura. Bom ator é isso.

4 comentários:

Marcia Cardoso disse...


assisti o filme e me encantei com o personagem Zero adolescente. A docilidade, a pureza, a inocência, coisas difíceis de se ver em épocas atuais.
Wagner Moura realmente é um excelente ator.
A trilha sonora nos remete aos anos 90 e me fez cantar "Tempo perdido" o filme todo e sair com a música na minha cabeça.
Felizmente na sessão que fui não havia adolescentes inconvenientes uivando para Aline Moraes (que está cada vez mais linda, diga-se de passagem).
Enfim, o filme vale a pena mesmo.
Bjos

Anônimo disse...

Eu realmente estou deixando pra assistir em casa. A mulher invisivel eu tb deixei e até hoje não vi. Mas tenho mais interesse no Homem do Futuro. A música Tempo Perdido é linda e marca só pelas propagandas do filme, imagine assistindo.

Letícia disse...

Má: o filme é leve, né? Não há como se levar muito a sério, mas vale como diversão. "Tempo Perdido" e "Ainda é cedo" são minhas músicas preferidas do Legião, mas são bem anos 80. "Tempo Perdido" é do lp Dois, de 1986. Dos anos 90 eu me lembro muito do REM, Metallica e Nirvana.
Hugo: seja bem vindo! Sem dúvida, O homem do futuroa não é cinemão. Pode ser assistido em casa mesmo...rs.

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Em 1991, eu tinha 10anos.. Rs.. O mote do longa realmente lembra De Volta para o Futuro, mas o roteiro é bastante perspicaz ao fugir das ideias do filme norte-americano. Você foi no ponto exato: o olhar do ator sinaliza as diferenças entre as três personagens. Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net