sexta-feira, 12 de abril de 2013

Qualquer forma de amor valerá

Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
 (Caetano Veloso)

Germain (Gerard Depardieu) e Margueritte (Gisèle Casadesus)
"Minhas tardes com Margueritte" é um filme que conta uma estória de amor. Entre um cinquentão iletrado e "tosco" (Gerard Depardieu) e uma mulher idosa, delicada e erudita. Pela diferença de idade entre os protagonistas e pela relação incomum, o filme me fez lembrar "Ensina-me a viver" (1971). No entanto, as semelhanças param por aí.

Gerard Depardieu é um bom ator e, assim sendo, faz você se esquecer  dos personagens anteriores que ele interpretou, bem como de sua "persona" fora das telas. O ator é conhecido pelos seus escândalos e bizarrices off-screen, mas isso não o impede de ser um grande intérprete. Com seu físico de Obelix, ele conseguiu compor um Germain doce e encantador em "Minhas tardes com Margueritte". Germain tem uma namorada jovem, bonita e carinhosa, mas é com a velhinha Margueritte (Gisèle Casadesus) que ele vivencia, de fato, um Encontro. Margueritte torna-se a interlocutora que ele jamais teve. Através de suas tardes com ela, ele pôde descobrir a leitura, além de ouvir a si mesmo de uma maneira que nunca ocorrera.

 Na verdade, costumo gostar muito de enredos que contam estórias de amor construídas pouco a pouco. Novelas e filmes que fazem uso deste expediente costumam ser mais interessantes do que obras que apelam para o tal "amor à primeira vista". Na verdade, costumo gostar de estórias de amor construídas, não necessariamente românticas. Há inúmeras formas de amor e de amar. Estórias de amor entre irmãos. Entre empregado e patrão. Entre amigos. Entre netos e avós. Entre desconhecidos. Da mesma idade. De idades diferentes. Que duram uma vida. Que duram um dia.

Houve uma época em que estava muito em moda livros que falavam de "Almas Gêmeas" e terapia de vidas passadas. Aliás, este é um tema que atrai muita gente, em qualquer tempo. Não acredito na tal "metade da laranja, carne e unha, bate coração", como diria o Fábio Júnior. No entanto, algo que li em um desses livros fez algum sentido. Há pessoas que você encontra que promovem um certo "momento de virada" na sua vida. São encontros especiais, que mudam algo. Depois do tal encontro, algo foi aprendido, algo foi ensinado, uma transformação ocorre. No meu entendimento, não se trata de destino ou qualquer coisa do tipo, são os tais encontros felizes que, se você tiver sorte (e abertura para isso), podem acontecer mais de uma vez.

Germain e Margueritte vivem um desses encontros especiais, e é comovente de se ver. Uma parte da França em  nada glamourosa, protagonistas que poderiam ser seu tio ou sua avó, e uma riqueza de roteiro. "Minhas tardes com Margueritte" é, sem dúvida,  uma estória que vale a pena escutar.



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