terça-feira, 19 de abril de 2011

A saga de João Coragem

Eu conheci o Tarcísio Meira já coroa. No entanto, aos 50 anos, ele estava ainda muito bonito. Foi quando fez o épico Capitão Rodrigo em "O tempo e o vento" e o ambivalente Renato Villar em "Roda de Fogo" em meados dos anos 80.
No entanto, embora eu ainda não fosse nascida na época, o que me fascinava era a imagem de Tarcísio em "Irmãos Coragem", a trama rocambolesca de Janete Clair do início dos anos 70. Quando a tevê Globo fez 25 anos, apresentou uma "versão compacta" da novela e eu, criançona, babava por aquele homem lindo e heróico.
Eis que a novela sai em DVD e eu, mais do que imediatamente adquiro esta trama da era paleozóica da tevê. A trama durou quase um ano. Deu tempo da Regina Duarte engravidar, ter o bebê e a novela ainda estar no ar.
A novela não tinha edição. As cenas iam ao ar praticamente como eram gravadas. A trilha sonora era gravada juntamente com a cena (tipo, o mocinho ia beijar a mocinha ouvindo sua música tema). As externas tinha uma iluminação terrível e as cenas de ação eram toscas (percebía-se que os socos eram de "mentirinha"). Os cortes de uma cena para outra eram abruptos (há que se considerar que no DVD algumas cenas tiveram de ser cortadas), os cenários feios e as roupas pareciam ser de costureira (de fato,deveriam ser). O gerador era tão barulhento que é possível ouvir o barulho nas externas.
No entanto, o texto era bom e os personagens bem construídos, na medida do possível. João Coragem, o personagem de Tarcísio, era o irmão mais velho, justo e ponderado. Jerônimo (Cláudio Cavalcanti), o do meio, era mais esquentado e ligado à política. E Duda (Claudio Marzo), o caçula, era ambicioso e ousado. A trama conta a saga dos três irmãos em busca de justiça contra o coronel do local, o cruel Pedro Barros. Há ainda as paixões dos irmãos: Lara (Glória Menezes), Ritinha (Regina Duarte) e a índia Potira (Lúcia Alves).

A personagem de Glória Menezes enlouquecia o simplório João Coragem pois tinha três personalidades distintas: a recatada Lara, a devassa Diana e a equilibrada Márcia. A trama teria sido inspirada no filme "As três máscaras de Eva" (1957) que deu o Oscar a Joanne Woodward. A resolução da doença da moça é resolvida com uma cirurgia no cérebro (!) nos últimos capítulos.

Passei o domingo assistindo parte da novela e pensando em como o mundo era mais ingênuo e mais simples. No entanto, Tarcísio Meira  enche a tela como o mocinho dos mocinhos. João Coragem continua sendo o meu herói preferido.

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